26 de fevereiro de 2008

De como as lágrimas secaram

Eu estava apaixonada. Bobamente e deliciosamente apaixonada. Com gosto de vida acontecendo, de vontade indisfarçável, de que tudo é sim, de que o coração acelerado impulsiona sem medida, em que não há tempo, não há dificuldade. Com aquela felicidade que, de tão boba, é sem letra. Com aquela cara besta reconhecível de longe, e as mãos seguram o queixo para dar suporte às viagens da mente, aos olhos perdidos e ao riso incontido. Aquela paixão nova que te transporta para filmes, com trilha sonora escolhida, com dança pelas ruas, com gosto do beijo e sensações vividas pulando na memória a todo tempo, fervendo mais a euforia, até transbordar.

Eu estava bem pelo que estava sentindo. Ele, não. Mas eu não sabia. Não claramente.

Saímos, como em qualquer outro dia. Desta vez, porém, rodamos a cidade inteira discutindo o que pensávamos e como víamos aquilo tudo. Foram horas. Horas de uma conversa muito difícil, muito honesta. Muito dolorosa.

Paramos num posto de gasolina. Vou pegar uma cerveja. Ele fica no carro. Minha amiga me liga.

- Tudo bem?
- Não, não está. Mas não me pergunte a razão. Se eu falar, vou chorar, e o choro está aqui na ponta do olho, e eu não quero virar uma poça de lágrimas neste momento.
- Chora, não é melhor?
- É. Mas não agora, não aqui. Não vou falar mais. A lágrima está quase se formando, está quase pingando. Vou secá-las à força. Mas não demoro de chegar em casa. Aí te ligo e conto e choro tudo.

Olhei para o alto, esperei o olho molhado ficar seco. Voltei para o carro. Voltei para casa. E não chorei mais. Não saiu. Nunca mais. Nunca mais chorei por ninguém.

25 de fevereiro de 2008

Fried Green Tomatoes

It's all right, honey.
Let her go.
Let her go.
You know Miss Ruth was a lady.
And a lady always knows when to leave.


24 de fevereiro de 2008

Dois em Um

Luisão escreve. Escreve umas facadas de maneira sutil, quase lúdica, quase como uma criança diria. E dói, quase sempre dói pra caralho, ler, ouvir.
Aí ele se junta a Fernanda, aquela mulher saída de um quadro perfeito, e criam, montam, esculpem, e ela canta - sem firula, sem frescura, só com sua vozinha que se finge de pequenininha, mas que é cheia de autoridade e que aumenta a força do golpe afiado.

Eu sofro horrores ouvindo Dois em Um.
Deixem de se fazer de bonzinhos, deixem de se fazer de inofensivos e parem de me fazer em pensar em bobagens, seus malvados.

12 de fevereiro de 2008

Pê Esses

P.S. 1: Eu adorei os comentários todos do último post. Adorei. Adorei.
P.S. 2: Têm rolado uns comentários de gente dizendo querer me conhecer. Poxa, também queria poder querer conhecê-los, saiam do anonimato!