15 de novembro de 2010

Coisas boas acontecem o tempo todo!

Nos últimos dez dias, eu voltei a escrever, repensei posturas, pude oferecer meus ouvidos a Dany, finalizei com sucesso um freela que estava me consumindo, vi um show de Ronei Jorge e Os Ladrões de Bicicleta, encontrei Nana depois de um tempão (e ela me deu carona pela primeira vez), fui citada de forma emocionante num depoimento público de minha chefe, tive uma conversa de mulher para mulher com minha irmã, tirei folgas a que tinha direito, dancei, revi Rafaela Manzo depois de muitos anos (e botamos o papo em dia), vi minha família inaugurar um novo projeto, cortei o cabelo, depois fiquei loira (pela metade, mas fiquei), comprei roupa nova, fofoquei horrores com Catarina, fui à Praia do Forte, expus minhas pernas ao sol depois de seis meses escondendo-as sob calças e meias-calças por conta das marcas do acidente, tomei banho de mar (e de piscina), fui indicada a um prêmio de reconhecimento ao meu trabalho, fiquei com um carro à minha disposição, comprei as passagens da minha viagem para ver o show de Paul, revisitei memórias e resgatei muitas alegrias.
Sim, elas acontecem o tempo todo!

13 de novembro de 2010

9 de novembro de 2010

Indicada!

Fui surpreendida com a notícia de ter sido indicada ao Prêmio Bahia de Todos os Rocks, na categoria "Mídia Rock", lado a lado com o programa Radioca e o site el Cabong. Sinto-me honrada por saber que meu nome foi lembrado, citado, discutido, escolhido dentre os três finalistas. Sinto-me feliz por meu trabalho contribuir com o rock baiano. É muito doido pensar que esta batalha tão bacana que vivo há mais de quatro anos alcança uma boa repercussão. Tô me sentindo.

Engraçado que há alguns dias, numa conversa com Luciano Matos (o cara que está à frente tanto do Radioca quanto do el Cabong), eu disse que um dos dois merecia ganhar este troféu. Agora veja! Desleal isso, né? É "briga" de dois contra um!

=)

7 de novembro de 2010

A morte de Tom e a minha vida


Quando Tom morreu, eu, além de muitíssimo triste, passei dias seguidos bastante assustada. Eu já não estava bem. E a morte dele foi algo que fez o meu sofrimento chegar à exaustão.

Tom era uma das raras pessoas com quem eu conversava abertamente. A gente nunca fez o tipo amigos grudados, mas estivemos presentes na vida um do outro por muitos anos. Entre tantas farras, andanças, histórias, nos esbaldávamos mesmo quando sentávamos só nós dois, na mesa de um bar ou da piscina do prédio onde ele morava, para falar da vida por horas a fio. A gente descobriu muitas coisas nesses papos. A gente encontrava respostas, filosofava junto. Foi assim que, certa feita, quando eu disse a ele que meus verdadeiros amigos não enchiam a contagem de uma mão, ele perguntou se poderia ser o meu dedo mindinho. E eu entendi que ele seria mesmo sempre um dos meus seres humanos preferidos.

Vi fotos dele no show de Los Hermanos, na Concha Acústica, na noite de 18 de outubro. Ele estava contente, sorrindo. Lembrei que a música que embalava nossos encontros era quase sempre a deste quarteto de que ele tanto gostava. Gostar de Los Hermanos era uma das nossas inúmeras afinidades.

No dia anterior, eu havia ido ao mesmo show e saí extasiada. Foi muito lindo. Imagino então que as últimas horas do meu amigo foram muito especiais.

Ao mesmo tempo que isto consola, me causa uma angústia imensa. A de não saber em que momento a vida estará acabando. A falta de controle sobre a morte é a coisa mais óbvia e mais certa: a qualquer momento, podemos não estar mais aqui. E isto me apavora.

Não tenho medo de morrer, especificamente. Tenho medo mesmo é de estar vivendo a vida errado. Tenho uma fixação descontrolada com isso. De desperdiçar, de não estar sendo intensa com tudo. Até porque, mesmo sendo uma pessoa de alma hedonista, tenho uma tendência ao marasmo. E me sinto obrigada a lutar contra ele.

Às vezes, no entanto, eu me perco. Às vezes, quando vejo, estou congelada.

Quando eu fiquei mais de um ano inteiro apenas trabalhando e trabalhando, dormindo quase nada e alheia à maior parte das coisas do mundo, meu irmão disse para eu ter firmeza, porque valeria a pena e logo melhoraria. Decidi que assim seria. Hoje, minha vida é outra, meus compromissos são outros e posso minimamente desfrutar de minhas conquistas. Trabalho com o que gosto: o que é o melhor e porque é só assim que sei fazer.

Preciso agora, no entanto, pensar em novos desafios. Construir mais. Ser menos enrolada com o que desejo e mais decisiva com meu bem-estar. Quero estar tranquila com as finanças, claro, e não precisar virar noites para dar conta de tudo que assumo. Quero uma vida profissional que sirva para me permitir estar bem. Só isso.

Nos últimos tempos, me dei conta de que tinha voltado a ser uma máquina produtiva. Dia e noite, noite e dia, de domingo a domingo, eu dizendo: tenho que trabalhar. É meio sintomático. Porque não há nada em revolução agora. Simplesmente entrei no ritmo, sem prestar atenção no resto. É meu escape. E não tenho sangue de ser assim. Mesmo adorando realizar bons serviços, mesmo sendo dependente da satisfação de ter resultados elogiados, minha prioridade não é fazer fortuna nem ser a profissional do ano.

- Lembra que você me disse que tranquilamente viveria sem trabalhar?
- Lembro!
- Lembra que você me disse que seria uma dondoca com orgulho? Que pra você trabalhar é só o preço que a gente paga pra poder viver?
- Sim...
- Pra que merda você me falou isso, dona Paula?

Foi o que Tom me perguntou na última vez em que o encontrei. E estava pirado porque achava que eu tinha de certa forma validado as irresponsabilidades dele... Não tive outra oportunidade para dizê-lo que infelizmente a loteria é privilégio de poucos e que não há muita escapatória. A não ser se enfiar no mato e vender artesanato. Não era para ele, não é para mim.

Eu sou urbana, gosto de viagem, de sair à noite e de tomar cerveja. Gosto de comida, de ar-condicionado, de banho gostoso, de ir a shows. Gosto de ler, de escrever, gosto de cultura, gosto de contribuir com boas causas. Gosto de internet, de saber das coisas, de aprender e discutir sobre o mundo. Gosto de estar entre pessoas que admiro, gosto demais de admirar pessoas.

Não tenho um olhar poético sobre a natureza e não costumo me encantar com o verde das árvores ou o azul do céu, mas me emociono profundamente com certas coisas da humanidade. Adoro identificar pessoas como minhas e não consigo deixar de prestar atenção no que imagino que sentem e pensam pessoas que não conheço. Às vezes crio histórias para desconhecidos, acho que adivinho suas dores, e fico sentida. Não que eu me interesse pelas pessoas, a priori. Mas me interesso por sentimentos. Também me instigam argumentos e experiências. Procuro explicações para as coisas e muitas vezes me sinto psicóloga. Adoro teorias, mas também só se puder colocá-las em prática.

Minha vida está nos meus amigos, na minha família e no prazer que tenho de reconhecer a minha dignidade. Participar da vida de quem me escolheu e a quem eu escolhi é uma delícia. Não me preocupo com bobagens, não guardo rancores e não me vinculo ao que não quero. Ignoro solenemente o que acho que merece minha indiferença. Acho que não há por que levar tudo a sério. Só me comprometo com o que amo.

Tenho um olhar positivo sobre as coisas, ainda que eu carregue um mau-humor próprio que me deixa ranzinza, às vezes. Digo sim. Quero que tudo seja o melhor que puder ser. Sou do fulminante. Do até não poder mais. Eu sou uma pessoa apaixonada.

Uma vez, Tom me fez concordar, e repito isso sempre, que a gente se apaixona pelo que a gente escolhe. "A gente não se apaixona por quem a gente não se apaixonaria, a não ser que seja de propósito". Apaixonar-se é também permitir-se e estar disposto.

Me faz feliz estar disposta.
É com isso que preciso me sentir vinculada para viver em paz.
Sem medo de ser em vão.



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Minha amiga Rafaela Manzo escreveu um lindo texto para Tom.
Leia aqui.

6 de novembro de 2010

Texto adolescente

Há muito tempo minha cabeça não se enchia assim de tantas perguntas.

Na média, eu sempre estou me avaliando muito, fazendo autoterapia, tentando entender como acabei indo parar onde estou. Mas às vezes acontece de eu desconectar total e ficar num movimento automático, por vezes relaxante, noutras letárgico. Frequentemente isso acontece em momentos de excesso de trabalho, ou de excesso de rotina, ou de excesso de preguiça. Ou outras coisas.

Daí que quando algo estala, a sensação é mesmo de um represa que se abre. A imagem clichê do acúmulo de água transbordando verozmente pode ser tão bela quanto devastadora.

Escrever um pouco - pública ou restritamente - me é a melhor maneira de organizar meus turbilhões. Não sou prática como deveria, nem bem resolvida como gostaria, então eu me anoto, me ordeno e me obrigo a ser feliz como acredito que mereço.