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31 de maio de 2011

Notícias do novo lar

Tirando a pia da cozinha que está, neste exato momento, vazando aqui perto ao lado, acabo de acabar de arrumar a minha casa. Agora, sim, minha casa. Casa nova, apesar de ser um apartamento velho. Antigo, melhor dizendo. Não vou mais chamar minha casa de velha. Ela é apenas antiga. E charmosa. Tem uma parede de tijolinhos que eu adoro. Tem também uma parede manchada de infiltração, que eu detesto. Pintarei assim que possível.

Por enquanto, estou vivendo a falência desta mudança repentina, que me custou mais do que eu podia e que me faz, agora, ficar listando as coisinhas que preciso com urgência, mas que não poderei dar conta de providenciar de imediato. No topo dos desejos, estão uma luminária para as leituras noturnas, um criado-mudo para o que deve estar à mão e um porta-talheres para que eles não fiquem jogados na gaveta. Também tenho de prender o espelho na parede. Depois, vêm uma estante (a mais) pra sala, quadros e mais quadros (há ótimos espaços para eles), cabideiro de chão, uma plantinha pra varanda e, adiante, um sofá. Super vivo sem sofá, mas, vá lá, sofá na sala é uma necessidade de composição; parece que a sala é oca sem sofá. Fica um vaziozão.

Também herdei uns móveis usados que nem de longe teriam sido por mim escolhidos, mas vou brincar de recriá-los, enquanto não for possível substituí-los. O mesmo vale para o banheiro, que terá seus azulejos transformados em arte (um viva a Thalita Carvalho, cujo blog eu tenho revirado com água na boca).

Enfim: o que importa nesta hora é que tudo que eu trouxe comigo já está em seu canto devido, milimétrica e metodicamente organizado, como eu gosto. Nenhuma vez em minha vida eu precisei achar algo e não encontrei. Tudo tem lugar exato, sem desvio. E, nesta ocasião de rearrumar os meus pertences, eu fico aplaudindo a mim mesma ao definir em que pedaço do meu mundo eles vão passar a residir.

Melhor ainda é incorporar a alma faxineira sem ver rolar nenhuma gota de suor. Não sei se faz parte da coincidência de ter me mudado na virada de estação, mas minha sensação é de que moro no lugar mais ventilado da história. Não há trégua nos rodopios de vento por aqui. Eles vêm e vão por todos os lados, fazem corrente e assoviam sem parar. Estou já me acostumando com o soar incessante (uuuuuuu!), só preciso identificar onde eles batem com força de derrubar objetos. Ao menos um deles cai a cada dia (hoje eu levei uma porta-retratada na testa) – e lá vou eu catar um repouso mais seguro para os despencados. O troca-troca ainda não acabou. Caso é que estou mesmo curiosa para ver como é o verão daqui de dentro. Espero que estar ao décimo andar de um prédio que me privilegia com uma estonteante vista para o mar seja garantia de arejo eterno.

Pois então é tempo de convocar as visitas, de encher esta casa de vida e de ver ser escrita a história desta etapa nova, e já tão feliz.

Esta imagem já faz parte do passado!

Update: torneira da cozinha trocada. Acabou-se aguaceiro.

5 de abril de 2011

Mais uma mudança

Morar só era meu maior sonho de consumo, e é minha maior realização. Quando, em 8 de abril de 2010, assinei o contrato de locação do imóvel quarto e sala que hoje me abriga, minúsculo e fofíssimo, perfeitamente localizado, incrivelmente adequado às minhas mais surreais vontades, eu não cabia em mim de felicidade.

Encaixotar meus bagulhos, arrumar malas, transportar tudo, remontar as coisas, arranjar o lugar novo de cada uma delas, comprar (e ganhar) os trocinhos que fazem minha casa ser minha casa – tudo isso foi mágico. Muito mágico.

Lembro da primeira noite, eu e meu mundo, só nós dois, juntos. Eu não sabia se dormia ou sorria. Lembro de como foi me adaptar ao novo ambiente, até aprender a acender a luz sem procurar onde está o interruptor. Lembro das festinhas open house, e do meu orgulho de mostrar tudo para as visitas. Lembro das conversas na varanda, e das tantas vezes que fui até lá, sozinha, para sentir o vento gostoso que entra em meu quarto – e, putaquepariu, como é bom o meu quarto.

Há um ano, este apartamento tão pequeno resguarda e comporta o que vivo, alegrias e tristezas inúmeras. Gosto da luz que faz aqui, do conforto que emana dos detalhes, de como o espaço é bem aproveitado. Cuidar de tudo, manter a casa arrumada, ajeitar dia a dia meus pedaços que se espalham são satisfações que se tornam rotina. Uma rotina boa danada.

Agora, é chegada a hora de me despedir deste conto de fadas. E eu começo a me culpar questionando se aproveitei tanto quanto deveria. Será que deixei algum momento passar em vão? Será que em alguma circunstância esqueci-me do privilégio que é esta moradia? Será que este ano que se passou foi um tempo que honrou esta alegria? Na piscina do playground, só entrei uma vez. Isto é muito grave?

De certa forma, desde os instantes iniciais, eu sabia que esta história era passageira. Meus amigos são testemunhas de minhas agonias. Quando eu vim, eu disse: “mau é que penso que daqui a um ano vai acabar”. Já cheguei temendo o que estou vivendo agora. Talvez por isso eu não tenha me atrevido a sequer fazer furos na parede.

Assim, quando tudo que é meu for retirado, o apartamento retornará idêntico às mãos do dono – com exceção do fato de já ter sido meu lar, e de isto provavelmente me fazer chorar cada vez que eu cruzar a porta do prédio num futuro bem próximo.

Eu e o coração Restart numa das poucas fotos que mostram um tanto do (ainda) meu apê

A vista de minha varanda. Tão deliciosa (coisa boa olhar e ver Dinha logo ali!) quanto bagunçada (ô, como as buzinas incomodam!). Sextas e sábados à noite são sempre a loucura típica das ruas riovermelhísticas.

Aliás, vale mostrar este videozinho filmado por Lubisco na noite da foto acima. Até de reclamar do trânsito na minha porta eu vou sentir saudade.



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Reli um texto que escrevi na época da chegada e... puxa...

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Sobre a razão: renovar o contrato é algo que está além de minha realidade. Ter passado 12 meses neste lugar foi um luxo que não poderei repetir.

12 de maio de 2010

De morna, só quero a água do banho*

Eu gosto de assistir a filmes no escuro, sem saber do que se trata. Escolho pela cara, pelo jeito, pela categoria, pelo diretor, pelos atores. Jamais leio uma sinopse. Sinopses são uó.

Quando Meryl Streep está no elenco, é certeza de que vou gostar. Sábado fui fazer uma limpa na locadora e peguei Julie & Julia, sem ideia do que viria pela frente. Comecei a ver com o namorado e ele dormiu – e eu fiquei me deliciando com aquela história simples, porém encantadora. O engraçado é que, mesmo com a rotineira enxurrada de elogios e prêmios à atuação de Meryl, esta foi a primeira vez que não a achei fantástica. Sei lá. Eu não esqueci que ela estava lá: eu a via interpretando, sabe como é?

Enfim. Não é disso que quero falar.

O caso é que Julie & Julia, mesmo tão despretensioso, me fez ficar pensando em um monte de coisa. Era eu vendo e ficando reflexiva, feliz, questionadora. Eu gosto do que consigo entender. Não sou uma pessoa de empatia automática.

E lá estavam elas, a Julie e a Julia, cheias de atitudes e desejos que são ou que podiam ser meus. A sede de vida, a curtição dos detalhes, o chamego com o marido, os exageros, os trejeitos, o otimismo de Julia. As inseguranças, a idade, as buscas, as inconstâncias, impaciências, decisões, mancadas, cobranças e superações de Julie. Julie também, assim como eu, se virou como pôde para encontrar maneira de viver com prazer uma profissão que ela não sabia direito qual seria. E, desta vez, ela e eu fomos até o final.

Julie & Julia me fez olhar ao redor, para a minha casa, meu novo lar, com ainda mais felicidade. Ainda mais orgulhosa de estar aqui, rodeada por coisas minhas – escolhidas e arrumadas, cada uma, com todo cuidado e carinho. De estar do jeito que quero, vivendo conforme minhas opções. Nada faz parte de minha casa ou de minha vida por obrigação, porque tem de ser, porque não pensei a respeito ou porque sua permanência não me mobiliza. Eu refaço meus “sins” todo o tempo. É a minha receita preferida, sem nem precisar desossar patos.



P.S.: Na sexta-feira, antes de pegar-ver o filme, o porteiro me avisou de uma "encomenda". Já era noite e estranhei chegar algo àquela hora. Era um presente do casal Robertinha e Peu. Um livro de receitas. Receitas rápidas, fáceis, porém caprichadas, cheias de charme. Ela disse, no bilhetinho, que era para deixar a casa ainda mais gostosa. No dia seguinte, fiz o primeiro teste: uma vitaminha de banana deli-deli-de-mamãe**. Foi a primeira vez na vida que fiz isso, de pegar uma lista de ingredientes e fazer algo de comer conforme alguém ensinou. Estou curtindo horrores brincar de casinha e revirar este livro pra lá e pra cá. Quando vi que o filme era sobre o assunto, me pareceu complô!


* Título inspirado em conversa com Catarina, outra taurina que não sabe viver mais ou menos.

** Façam aí, que vale a pena:
Vitamina de banana
- 1 banana descascada, cortada em 4 (a sugestão é manter a banana madura, já cortada, em um saquinho no congelador, e tirar direto pro liquidificador, para a vitamina ficar mais cremosa e gelada)
- 150 ml de leite
- 1 colher de sopa de mel
- 4 colheres de chá de Ovomaltine
- Meia colher de chá de pó para café instantâneo
Pronto. Bate e bebe.