28 de junho de 2007

Ignore

Hoje eu não estou boa de sentir amor, nem de decidir sobre minha vida, nem de dar início às pendências que me perseguem há dias. Hoje não estou boa de aceitar convites, nem de fazê-los, nem de pensar no fim de semana. Hoje não quero ver minhas contas, mas preciso, hoje não quero produzir, mas preciso, hoje não queria ficar no computador, mas preciso. Minha cama me chama, uns desejos me chamam, a vontade de fugir voltou e o dia da terapia parece estar tão longe, mesmo sendo amanhã. O tempo, mais uma vez, urge, eu o detesto. Não há calmante nem injeção que tenha me feito sentir menos a agonia de um dia em que tudo fica rígido. Eu também odeio textos deste tipo.

18 de junho de 2007

Dezoito de junhos passados

Vez ou outra, releio coisas que escrevi no passado. Pode ser em diários, agendas, cadernos, anotações, arquivos no computador ou nas inúmeras páginas onde estão os textos dos blogs antigos que tive.

Hoje, li coisas que publiquei no dia 18 de junho de tantos anos que se foram por aí.
Vou dividir duas delas.

Em 18/06/06
Machucados

Era um menino esperto e livre, gostava de andar de pés descalços e sujá-los a ponto de marcar o chão com suas pegadas. Ele dançava e pulava de repente, porque se sentia às vezes inspirado por emoções que simplesmente deixava virem. Apesar de criança, sabia o que queria e entendia o que trazia por dentro. Só tinha medo de ter medo, seu desafio era este. Não recuava, não deixava de se ver e não deixava de dizer. Reclamavam de sua teimosia e boca suja, porque acontecia de surpreender com escândalos e brigas sem fim. O menino achava aquilo injusto. Não podia ser condenado por ser birrento, era apenas verdadeiro.

O menino agora homem traz consigo sua infância. Ele a mostrava inevitavelmente, gostava muito de ser assim. Era o que trazia de mais precioso e queria preservar os traços mais institivos e honestos de sua personalidade.

O menino, agora homem, só não sabia que tantas coisas iriam obrigá-lo a endurecer.


Em 18/06/05
Rave entre amigos

No sonho, ela sentiu muita vontade de dar beijo na boca. Era vestígio do álcool e de sua pulsões internas - porque a bebida deixa todo mundo mais assanhado mesmo e não ter que podar os desejos fazia a menina se sentir enormemente viva, como precisava. Então dançou como há muito não fazia, de olhos fechados, batendo os pés no ritmo das estocadas nos ouvidos, sem passo certo, até a perna doer. Rindo e se divertindo a la cenas cinematográficas, daqui e dali dava uns beijos em boca de mulher e de homem, misturados entre gargalhadas loucas e novos pulos. E goles de vinho. E brincadeiras descompromissadas. E inveja alheia. A energia que se fez despertar, que não veio do outro, mas fluindo dela para ela mesma, quase incomodou o sono, apesar de ser sonho. Quando o olho abriu, ela pegou rápido o telefone e contou baixinho as estripulias da viagem noturna. O prazer não era de sexo, não era isso. O prazer era do novo, do livre, do amor que permite.