25 de setembro de 2007

Quebra-cabeça

Dani me perguntou:
- E aí, como é isso?
E eu respondi:
- Na verdade, Dani, vou ser bem honesta: a única coisa chata de eu ter uma tatuagem com o nome do meu ex é ter de responder sempre a esta mesma pergunta.

Quando eu e Angelo terminamos, meu pai lamentou: "Poxa, tá vendo?, não se faz uma coisa definitiva assim, vai ter de conviver com isso agora".

E lá vou eu.
Pois foi naquele momento, eu acho, que me dei conta de que o problema com o qual eu teria de conviver seria esse.

Quando nós decidimos escrever na pele o nome um do outro, claro que eu não pretendia me separar. Mas também não era o pensamento de que ficaríamos juntos para sempre que motivava a minha escolha. Não sei de onde as pessoas tiram a idéia de que eu poderia ter ido fazer esta tatuagem me garantindo nisso. A única certeza que existia era de que o registro seria eterno e ficaria comigo até o meu fim. Pronto. Eu quis, nós quisemos, fazer a marca da nossa passagem, sem nunca poder prever aonde ela chegaria. Angelo foi o homem que me fez optar por isso, que me fez acreditar nisso, o que já me foi e é suficiente.

As pessoas arregalam os olhos, perguntam "e agora?", dizem "que merda, hein?", fazem "pshhhh!", tentam me dar carão, ficam com pena, balançam as cabeças, perguntam se estou bem... Tudo isso simplesmente porque perguntam "quem é Angelo?", e eu digo que é meu ex-marido. Nossa, é um alvoroço. Eu rio, ou simplesmente dou um beijo na tatuagem, não tenho saco de argumentar com qualquer um.

Não fui eu que disse isso a Renata, provavelmente ela questionou a algum amigo em comum, porque já chegou em mim sabendo de tudo e falou a coisa mais legal que já ouvi sobre esta situação: "Vocês devem ter sido um casal e tanto para serem os únicos que já vi na vida que não pretendem cobrir uma tatuagem do tipo, admiro vocês". Bingo.

Dizem que um dia eu vou mudar de idéia, mesmo quando explico toda essa história. Dizem que um dia eu não quererei mais ter esta marca em mim. Mais uma vez eu prefiro não tentar adivinhar o futuro. O que importa, de fato, é que agora eu não tenho a mínima intenção de tentar apagar esta escolha tão especial e verdadeira. Angelo nem precisaria estar na minha pele para estar eternamente no meu coração.

11 de setembro de 2007

São Paulo é menor que Salvador ou O acaso paulista é lindo

Quinta-feira, dia 6. Eu e Rafa chegamos em São Paulo, arriamos as malas no hotel e saímos famintas para comer pizza na Augusta. A idéia era acalmar o estômago, voltar feliz para um cochilo e, então, encarar banho e festa.

Andando contentes pela rua, batendo papo distraídas, Rafa, que bem conhece minha fixação - agora em total crise - pelos cabelos curtos, avista uma bela morena com um corte lindo de doer. Olhou e ia me mostrar e não entendi quando ela ficou meio congelada com cara de dúvida (por que parou, parou por quê?).

- Aquela ali não é Renata?
- Ahn?
- Olha ali, é Renata?

Caraaaaaalho, não acredito! É grito, é pulo, é abraço e Renata, amiga carioca que mora em Sumpaulo, ordena: lógico que vocês vão sentar aqui para tomar uma cerveja comigo e brindar o grande encontro casual. O que era para ser um copo vai virando um monte de garrafa vazia na mesa, quando Renata comemora: caraaaaaaaaaalho, não acredito! Era Rodrigo, amigo dela, chegando no boteco, outra aparição não-prevista. "As baianas" foram devidamente apresentadas e foi vez da ordem dele: juntem-se a nós. Num instante, estávamos com um bolo de gente, papo sem fim e aquela delícia de conhecer mais gente boa deste mundo. Rodrigo e Rubens ganham troféu de quero-ser-amiga-deles.

[Da esquerda para a direita: Rafa, eu, Vitor, Renata, Rubens, Tina, Rodrigo e Paula, no Escócia, boteco na Augusta - aquele paraíso na Terra -, num dos encontros casuais mais legais da história da humanidade.]

Algumas horas depois, tomamos coragem de abandonar o povo para encarar o banho e tal e tal. Passamos numa banca de revista e... Caraaaaaaaaaalho, não acredito! Danilo, um querido paulista do coração, me aparece perdido por lá - tempo de dar um abraço e marcar umas coisas e tudo mais. Oba.

A noite foi parar na Loca e estava eu lá, dançando na minha, quando me vem outra surpresa.

- Lemu?
- Paulinha!
- Caraaaaaaaaaalho, não acredito!!!

Lemuel é lindo, mora no meu coração e eu não o via há anos. Bom demais dançar com ele, trocar umas risadas, falar um pouco da vida.

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Sexta-feira, dia 7. Andávamos à tarde pela rua e nos cruzamos numa esquina com Rodrigo. Êêêêêêêêê! Neste mesmo dia, em momentos e lugares diferentes, esbarramos com ele três vezes. Na última, nos convencemos de que o universo estava conspirando para nos unir e marcamos encontro pro dia seguinte.

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Sábado, dia 8. Acordo e tem mensagem de Rabuja contando que Dani está chegando em Sumpaulo. Dani também é do Rio e encontrá-la era obrigação. Passamos o dia trocando mensagens e telefonemas interurbanos para acertar as coisas. À noite, enfim juntas:

- Você está hospedada onde?
- Num hotel na Consolação.
- Qual??
- O Formule 1.
- Nós tambééééém!!!
- Puta merda, qual o quarto de vocês?
- 1863.
- Caraaaaaaaaaaalho, não acredito, estamos separadas por apenas uma porta.
- Jesus, a gente fazendo interurbano estando lado a lado.

Neste mesmo dia, passamos uma tarde deliciosa com Rodrigo e Rubens. Baião de dois, cerveja, lojinhas, feirinha. Rodando em meio ao chorinho da Benedito Calixto, Rafaela faz cara de dúvida outra vez:

- Paula, ali é Felipe?
- Ahn?

Caraaaaaaaaaaaaalho, tá foda, não acredito. Felipe, amigo de Salvador, estava também rondando por Sampa no feriadão.

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São Paulo é muito pequena, só pode.

2 de setembro de 2007

Paula Bethania

Zeca diz:
nao corte nao viu dona mainha?
Paula diz:

Zeca diz:
ja cortou???
Paula diz:
eu sou tão feia assim de cabelo curto, é?
Zeca diz:
eita! nada disso
Paula diz:
entao por que esta campanha tão convicta?
Zeca diz:
acho q todos tiveram a mesma visão
Paula diz:
qual?
Zeca diz:
jesus apareceu pra mim em um sonho
Zeca diz:
e disse
Zeca diz:
NAO PERMITA QUE PAULA CORTE O CABELO
Paula diz:
hahahahahahahahahahaha
Paula diz:
meu deeeeeeeeeeeeeeus
Paula diz:
eu realmente devo ser muito feia de cabelo curto
Paula diz:
hahahahahaha
Zeca diz:
nem nem, é gatinha extreme
Zeca diz:
mas cabelo curto foi sua fase recente
Paula diz:
claro que nao
Zeca diz:
queremos paulinha bethania
Paula diz:
se não, vc nao faria tanta campanha
Zeca diz:
depois quando vc estiver cabeludona super juba, vc corta curtinhozinho
Zeca diz:
aí sim vc vai chocar
Paula diz:
sim
Paula diz:
já me convenceu
Paula diz:
vou até botar no blog agora
Zeca diz:
;)
Paula diz:
:(


Pronto, minha gente, acabou esta merda, não aguento mais o povo fazendo campanha para eu não cortar o cabelo, estou convencida de que seria um erro grave, tamanho o esforço da galera para evitar o desastre.

Rumo à Paula Bethania, ou enquanto durar minha força de vontade.