“Não tinha noção da complexidade e criatividade que envolvem a gravação do CD de uma banda séria. Agora que não compro CD pirata mesmo!”
Este trecho, de um dos preciosos comentários postados no blog A Ponte ao longo dos quase 22 meses que a página está no ar (desde 17 de junho de 2010), é uma boa referência para resumir o privilégio que tive de acompanhar a gestação do Aleluia, o quinto álbum do Cascadura.
Participei presencialmente de apenas uma sessão das gravações. Fui ao estúdio t, na antiga sede da Federação (hoje em dia, o templo sagrado do nosso andré t tem casa nova, no Rio Vermelho), e fiquei algumas horas vendo Fábio Cascadura colocar a voz em algumas canções. Que puta experiência é testemunhar um troço desses. Porque nasciam ali músicas que, já na primeira audição, me hipnotizaram. Eles botaram algumas outras já prontas para eu ouvir e eu olhava nos olhos de Fábio, de andré, de Thiago, de Jô, e perguntava em pensamento: como assim, velho? Que é que é isso?
Mas o foda, foda mesmo, é que eu estava então podendo escutar pela primeira vez os frutos daquilo que eu conhecia em teoria. Além de felizmente conviver com os caras responsáveis por este disco duplo de 22 faixas e acompanhar o dia-a-dia deste processo mágico, desde a seleção do projeto em edital que o financia e tornou possível ao momento de revisar as letras impressas no encarte, eu atuei como uma espécie de editora do já citado blog, que funcionou como um espaço de compartilhamento do processo criativo e dos bastidores de produção do novo trabalho.
Caralho. Eu queria poder ter garantido que todas as pessoas que gostam de música e merecem alegrias tivessem acompanhado as atualizações do blog, quase todas escritas por Fábio Cascadura. Até porque o negócio aqui extrapola gostar ou não do resultado, ou da banda: a questão fundamental é a possibilidade de observar o ofício de artistas comprometidos, profissionais, que pensaram em cada detalhe, que resgataram referências, que trouxeram um conceito para uma obra, que se desafiaram.
Então ao ouvir aquele barulhinho lá ao fundo da música, aquele instrumento surgir imponente, aquela letra de conteúdo histórico, aquele batuque, aquela voz diferente... tudo faz sentido. Nada está colocado à toa, de forma impensada. Tudo tem argumento. Tudo tem razão.
É o caso, por exemplo, de “Um Engolindo o Outro”, cujas batidas de pés, que marcam o ritmo da música, recriam a work song, que eu só soube do que se trata por conta de um dos meus posts favoritos publicados em A Ponte. Aliás, vem também deste post não apenas o comentário citado no início deste texto, mas ainda uma das pérolas que fazem parte do conhecimento enciclopédico de Fábio a respeito da música de todos os tempos, de todos os lugares, e que eu incluo aqui porque não canso de me emocionar com esta apresentação. Foi isso: no blog, muita coisa boa, além-Cascadura, foi introduzida. Que sorte a minha não ter perdido nenhum detalhe.
Chico Castro Jr., jornalista e colunista do A Tarde, comentou também em A Ponte: “Rapaz, só tenho uma coisa a dizer: gente que de fato conhece seu ofício e sua arte me dá gosto. Muito.”
Pois é, Chico, pois é.
Enfim, o Aleluia está pronto e já tem data de lançamento virtual marcada: 8 de maio, no Facebook do Cascadura. Não sei nem descrever a emoção de ter chegado a hora.
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9 de abril de 2012
18 de julho de 2011
Complementando
Luciano Matos escreveu um texto supimpa sobre "A quantas anda a música baiana". Informações para deixar a gente feliz e orgulhoso e que, sem pretensão de me colocar à frente de Luciano, peloamor, me parecem um ótimo complemento ao meu texto mais recente, "Discursos do rock and roll".
Leiam, leiam!
Leiam, leiam!
11 de julho de 2011
Discursos do rock and roll
O Dia Mundial do Rock está chegando.
As entrevistas e perguntas de como é fazer rock em Salvador também.
Esta é minha homenagem ao momento em que a mídia baiana nos dá mais esmola.
Breve introdução:
Não me integro a patrulhas. Não sou afeita a polêmicas. Eu nem sequer me meto em discussões. Raramente me motivo a defender minhas opiniões. Não me interessa intervir nas opiniões alheias. Sou conversadora e debatedora de esquina, com quem eu possa me articular e rir. Não levo as coisas a sério. Não quero mudar o mundo.
Este texto nasceu porque o assunto tem me rondado de diversas maneiras e tem sido uma pauta frequente em ocasiões variadas. Não há nada formal aqui além do que penso. É uma reflexão minha, apenas. Se puder ser também uma reflexão sua, ótimo.
Acredito na importância de se ter cuidado com discursos. Este texto fala sobre discursos. E do que considero ser fundamental: ter clareza sobre aquilo que vociferamos. Uma coisa que acho bonita e respeitável é perceber que uma certa conduta é resultado de uma ponderação crítica. Na mesma lógica, uma coisa que me causa calafrio e preguiça é ver gente reproduzir “verdades” sem reconhecer o que elas significam, sem ter parado para questionar o que elas são.
---------------------------------
Depois da cerimônia de entrega de troféus da 2ª edição do Prêmio Bahia de Todos os Rocks, em novembro passado, cujo palco reproduzia algo similar a um ambiente de furna, Ronei Jorge, entre os diversos e merecidos elogios feitos ao evento, comentou algo assim: “Eu mexeria no cenário. Precisamos sair da caverna”.
---------------------------------
Recentemente, uma aluna do curso de jornalismo da Universidade Federal da Bahia solicitou uma entrevista com o Cascadura – no caso, Fábio Cascadura e eu – para integrar a grande reportagem que iria fazer como Trabalho de Conclusão de Curso. O tema: a relação das bandas underground de rock de Salvador com redes e mídias sociais, comparando as estratégias de divulgação na década de 1990 com as de hoje, com o uso da internet.
O pedido, por e-mail, era evidentemente lúcido, respaldado, bem escrito, seguro. Inclusive, ela indicou uma lista de outras pessoas a quem também entrevistaria – lista que demonstrava que ela estava sabendo muito bem quem podia dar depoimentos importantes sobre a pauta. Messias Bandeira e Ednilson Sacramento, por exemplo. Uma proposta bacana, de onde deve sair (ou já ter saído) boa coisa.
Eu e Fábio nos disponibilizamos prontamente – mas, em minha resposta afirmativa, eu me intrometi e falei de um ponto primário do trabalho dela: que a definição "bandas underground" tem em si uma carga preconceituosa delicada. Disse que achava que partir do princípio de que estaria falando de "undergrounds" já tendenciaria o desenvolvimento da pesquisa para uma avaliação "menor". Esta não deveria ser uma definição a priori, creio eu. Pedi que ela reavaliasse o rótulo, especialmente por se tratar de um projeto de comunicação – e, ainda que haja uma definição formal e acadêmica para "underground" que não tenha este caráter, fato é que a representação social desta expressão é negativa. Não se pode escapar do senso comum quando a pauta está na comunicação. Não se pode descuidar do discurso num caso assim. Eu justamente questionaria o termo referido pelas fontes. Por que underground? Precisamos deixar de ser subterrâneos.
---------------------------------
Fico feliz de ver a música independente ser pautada na Academia. Tem sido frequente. Vira e mexe, me aparece um trabalho centrado em temas relacionados a isso. Sempre na área de comunicação. Me parece ótimo que estejam discutindo. Que proponham entender como funciona esta engrenagem, que problematizem. Tenho impressão de que se forem formados comunicólogos com visão menos folclorizada do que é “fazer rock na Bahia” poderemos esperar uma atuação mais competente dos profissionais em relação à diversidade das mais diversas linguagens artísticas.
Também recentemente, alunos de jornalismo da Faculdade Social me enviaram umas questões para uma matéria. As perguntas todas giravam em torno das mazelas. Por exemplo, algo assim: “Quais as maiores dificuldades das bandas do cenário alternativo? Como assessora de imprensa destas bandas, quais as suas principais dificuldades?”.
E eu respondi que a produção artística é uma atividade que, como todas as outras, tem suas dificuldades. E as dificuldades são diversas, não localizadas em um ponto específico. E isto não tem a ver só com as bandas independentes, mas com um contexto social como um todo. Assim como é difícil abrir uma empresa e fazê-la tomar seu espaço no mercado, é também difícil engatar uma carreira na música. E no teatro. E na dança. E no circo. E nas artes visuais. E no cinema. Enfim. Não é privilégio nosso. Acho que insistir no discurso de “como é difícil!” é complicado. Não são só os roqueiros baianos que têm desafios na vida. Precisamos abandonar nosso complexo de vira-lata.
Também disse que, aliás, estas próprias questões poderiam ser por mim apresentadas como uma das principais dificuldades que encontro como assessora de imprensa de bandas independentes: este tratamento de que se trata de um trabalho exótico, heróico, inusitado. A grande mídia não consegue fazer uma entrevista com uma banda de rock aqui sem perguntar “como é fazer rock na Bahia?”, como se isto fosse impressionante, uma escolha desconexa, rebelde, improvisada, desajustada. Não é: é um trabalho sério, executado por pessoas competentes, respeitado pela crítica nacional e por um público crescente. Espero que um dia a grande mídia deixe de reforçar certos estereótipos e ignorar determinadas produções. Espero um dia ver um personagem de novela que goste de rock não estar sempre usando roupa preta e sendo a figura esquisita do folhetim. Espero não ver mais o Fantástico fazer uma matéria de roqueiros (devidamente excêntricos) versus pagodeiros (devidamente felizes) – e chamando Nando Reis, uma das fontes entrevistadas, de ex-roqueiro (ele não é mais mau, não canta mais Bichos Escrotos, é ex-roqueiro, óbvio). Este estranhamento sem reflexão devida é um desserviço.
É claro que sei que a Bahia tem suas limitações para todas as expressões de arte e para todos os estilos de música. E que é também um estado que por muitos anos investiu na consagração de uma monocultura musical, relacionada ao sistema do Axé, e que isto se reflete na dimensão do espaço midiático e na possibilidade de atingir públicos mais diversos. Mas também acho que tudo isto, no entanto, tem, a olhos vistos, sido paulatinamente superado por ações de fomento à diversidade cultural e, especialmente, pelo trabalho incessante de artistas comprometidos com a arte que produzem.
---------------------------------
Mês passado, participei de uma banca avaliadora de um Trabalho de Conclusão de Curso que se propunha a realizar uma grande reportagem sobre a música independente da cidade: um trabalho de pesquisa visivelmente exaustiva, que, com certeza, arrancou muito suor de suas autoras. Teria sido excelente se não fosse um detalhe: a delimitação do tema. “Música independente de Salvador”, na prática, virou “rock consumido pela classe média jovem frequentadora do Rio Vermelho”. Sim: elas indicaram que iriam falar da música independente da cidade e ignoraram as periferias, os outros universos soteropolitanos, o arrocha, o samba, o rap, o heavy metal... Música independente é um conceito grande demais. Salvador é um espaço enorme (e até o Rio Vermelho também: todo mundo já viu os sambões que acontecem em Dinha? O chorinho do São Jorge? Os shows de MPB e bossa nova que rolam no Sesi? E o que está dentro do Twist, da Padaria, do Salvador Dali?). A ambição de abarcar toda a realidade deste tema só poderia ter sido frustrada.
É óbvio que demarcar um estilo musical, um espaço geográfico e um público seria não apenas mais eficiente, como também recomendável – claro, pesquisas precisam de focos bem definidos. Não haveria mal nenhum em adentrar só neste cenário se esta tivesse sido uma escolha consciente, ponderada, descrita, justificada. O problema era achar que retratar a história de 20 e poucas bandas do rock riovermelhense era dar conta da proposta.
Também é comum rotularem este pedaço da cidade e da produção musical soteropolitana como a representação do “cenário alternativo”. Alternativo a quê? Para quem? No meu entendimento, há duas variáveis bastante relevantes no uso desta expressão. Vejamos:
1) Dizer-se “alternativo” é se colocar num lugar menor. Há uma via principal e há a alternativa? Não corroboraria isso. Até porque, considerando que assim seja, não haveria uma alternativa, e sim várias. O rock, sozinho, não é cena alternativa de um lugar.
2) Dizer-se “alternativo” é se colocar num lugar maior. É dar-se um título de poder indevido, pretensioso, que conota uma ideia de caminho da salvação. “Somos a alternativa” soa como “somos diferenciados”: vocês, do mainstream – pobres mortais alienados –, lá; nós, alternativos – espertos conhecedores do mundo –, cá.
À pergunta final de um dos trabalhos acadêmicos citados, “Como você define o público axé e o público rock?”, eu respondi: “Nego-me aos estereótipos. Há gente de todo tipo nestes dois públicos, e há muita gente que faz parte de ambos. Não reforçamos as secções”. É caduca esta conduta. Caduca e pedante. Não há público melhor ou pior; não há mérito ou alienação intrínseca a público algum. Precisamos parar de nos sentir diferentes – no bom ou no mau sentido – e querer dar prateleiras pra todas as coisas da vida.
---------------------------------
Estou ficando velha e chata, não tenho mais a mesma paciência de estar em ambientes com pessoas de quem eu quase poderia ser mãe, serelepes na descoberta do mundo e das noitadas roqueiras de classe média. Talvez por isso mesmo – por estar velha e chata –, não tenho gosto pela maioria dos trabalhos da chamada “nova geração” do rock de Salvador. (Lembremos que a música independente e até mesmo o rock da capital baiana estão bem além dos shows do Rio Vermelho e da Barra. A nova cena destes bairros não é uma nova cena da cidade.) Não que sejam ruins. Não tenho nenhum superpoder atômico que me dê o direito de dizer o que é bom, o que não é. Mas eles não “falam” comigo. É, de fato, um processo protagonizado e consumido por gente mais jovem, que está chegando nos palcos e nas plateias para ocupar seus merecidos espaços. A fila anda.
Me vale dizer, porém, que respeito o que esta galera anda fazendo: o mérito da união de forças, da programação superativa, dos eventos promovidos, do público por eles conquistado, do profissionalismo. Estão fazendo barulho, chamando atenção, aparecendo na mídia, formando novos técnicos (as bandas estão criando equipes de trabalho de verdade), produzindo o tempo todo. E tudo isto, até onde sei, é novidade: sair do limbo da reclamação, de que na Bahia não tem isso e aquilo, para a ação; interromper o discurso de que, no dito limitado espaço existente, é impossível concorrer com “os grandes”; ignorar as perseguições e encarar com dignidade as patrulhas. Sem medo de errar, de amadurecer, de construir uma história. Fazendo mais que falando. Precisamos aplaudir o que é de merecimento, reconhecer o novo e ver isso se refletir nos discursos sociais e midiáticos.
Bora nessa.
---------------------------------
Adendos:
- O último parágrafo foi praticamente um copiar-colar de um comentário que fiz neste texto de Lucas Jerzy Portela.
- Um viva bem grande à seção cultural do novo iBahia. Isto sim é um espaço democrático e respeitoso diante do que se produz na música local. (Parabéns a Lívia Rangel e Luciano Matos!)
- Um viva maior ainda aos nossos artistas independentes que estão fazendo da agenda de música de Salvador um sem fim de eventos de sucesso. Tá difícil acompanhar tanta coisa! Abra o jornal: nós somos maioria! =)
- Este é meu post número 100!
As entrevistas e perguntas de como é fazer rock em Salvador também.
Esta é minha homenagem ao momento em que a mídia baiana nos dá mais esmola.
Breve introdução:
Não me integro a patrulhas. Não sou afeita a polêmicas. Eu nem sequer me meto em discussões. Raramente me motivo a defender minhas opiniões. Não me interessa intervir nas opiniões alheias. Sou conversadora e debatedora de esquina, com quem eu possa me articular e rir. Não levo as coisas a sério. Não quero mudar o mundo.
Este texto nasceu porque o assunto tem me rondado de diversas maneiras e tem sido uma pauta frequente em ocasiões variadas. Não há nada formal aqui além do que penso. É uma reflexão minha, apenas. Se puder ser também uma reflexão sua, ótimo.
Acredito na importância de se ter cuidado com discursos. Este texto fala sobre discursos. E do que considero ser fundamental: ter clareza sobre aquilo que vociferamos. Uma coisa que acho bonita e respeitável é perceber que uma certa conduta é resultado de uma ponderação crítica. Na mesma lógica, uma coisa que me causa calafrio e preguiça é ver gente reproduzir “verdades” sem reconhecer o que elas significam, sem ter parado para questionar o que elas são.
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Depois da cerimônia de entrega de troféus da 2ª edição do Prêmio Bahia de Todos os Rocks, em novembro passado, cujo palco reproduzia algo similar a um ambiente de furna, Ronei Jorge, entre os diversos e merecidos elogios feitos ao evento, comentou algo assim: “Eu mexeria no cenário. Precisamos sair da caverna”.
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Recentemente, uma aluna do curso de jornalismo da Universidade Federal da Bahia solicitou uma entrevista com o Cascadura – no caso, Fábio Cascadura e eu – para integrar a grande reportagem que iria fazer como Trabalho de Conclusão de Curso. O tema: a relação das bandas underground de rock de Salvador com redes e mídias sociais, comparando as estratégias de divulgação na década de 1990 com as de hoje, com o uso da internet.
O pedido, por e-mail, era evidentemente lúcido, respaldado, bem escrito, seguro. Inclusive, ela indicou uma lista de outras pessoas a quem também entrevistaria – lista que demonstrava que ela estava sabendo muito bem quem podia dar depoimentos importantes sobre a pauta. Messias Bandeira e Ednilson Sacramento, por exemplo. Uma proposta bacana, de onde deve sair (ou já ter saído) boa coisa.
Eu e Fábio nos disponibilizamos prontamente – mas, em minha resposta afirmativa, eu me intrometi e falei de um ponto primário do trabalho dela: que a definição "bandas underground" tem em si uma carga preconceituosa delicada. Disse que achava que partir do princípio de que estaria falando de "undergrounds" já tendenciaria o desenvolvimento da pesquisa para uma avaliação "menor". Esta não deveria ser uma definição a priori, creio eu. Pedi que ela reavaliasse o rótulo, especialmente por se tratar de um projeto de comunicação – e, ainda que haja uma definição formal e acadêmica para "underground" que não tenha este caráter, fato é que a representação social desta expressão é negativa. Não se pode escapar do senso comum quando a pauta está na comunicação. Não se pode descuidar do discurso num caso assim. Eu justamente questionaria o termo referido pelas fontes. Por que underground? Precisamos deixar de ser subterrâneos.
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Fico feliz de ver a música independente ser pautada na Academia. Tem sido frequente. Vira e mexe, me aparece um trabalho centrado em temas relacionados a isso. Sempre na área de comunicação. Me parece ótimo que estejam discutindo. Que proponham entender como funciona esta engrenagem, que problematizem. Tenho impressão de que se forem formados comunicólogos com visão menos folclorizada do que é “fazer rock na Bahia” poderemos esperar uma atuação mais competente dos profissionais em relação à diversidade das mais diversas linguagens artísticas.
Também recentemente, alunos de jornalismo da Faculdade Social me enviaram umas questões para uma matéria. As perguntas todas giravam em torno das mazelas. Por exemplo, algo assim: “Quais as maiores dificuldades das bandas do cenário alternativo? Como assessora de imprensa destas bandas, quais as suas principais dificuldades?”.
E eu respondi que a produção artística é uma atividade que, como todas as outras, tem suas dificuldades. E as dificuldades são diversas, não localizadas em um ponto específico. E isto não tem a ver só com as bandas independentes, mas com um contexto social como um todo. Assim como é difícil abrir uma empresa e fazê-la tomar seu espaço no mercado, é também difícil engatar uma carreira na música. E no teatro. E na dança. E no circo. E nas artes visuais. E no cinema. Enfim. Não é privilégio nosso. Acho que insistir no discurso de “como é difícil!” é complicado. Não são só os roqueiros baianos que têm desafios na vida. Precisamos abandonar nosso complexo de vira-lata.
Também disse que, aliás, estas próprias questões poderiam ser por mim apresentadas como uma das principais dificuldades que encontro como assessora de imprensa de bandas independentes: este tratamento de que se trata de um trabalho exótico, heróico, inusitado. A grande mídia não consegue fazer uma entrevista com uma banda de rock aqui sem perguntar “como é fazer rock na Bahia?”, como se isto fosse impressionante, uma escolha desconexa, rebelde, improvisada, desajustada. Não é: é um trabalho sério, executado por pessoas competentes, respeitado pela crítica nacional e por um público crescente. Espero que um dia a grande mídia deixe de reforçar certos estereótipos e ignorar determinadas produções. Espero um dia ver um personagem de novela que goste de rock não estar sempre usando roupa preta e sendo a figura esquisita do folhetim. Espero não ver mais o Fantástico fazer uma matéria de roqueiros (devidamente excêntricos) versus pagodeiros (devidamente felizes) – e chamando Nando Reis, uma das fontes entrevistadas, de ex-roqueiro (ele não é mais mau, não canta mais Bichos Escrotos, é ex-roqueiro, óbvio). Este estranhamento sem reflexão devida é um desserviço.
É claro que sei que a Bahia tem suas limitações para todas as expressões de arte e para todos os estilos de música. E que é também um estado que por muitos anos investiu na consagração de uma monocultura musical, relacionada ao sistema do Axé, e que isto se reflete na dimensão do espaço midiático e na possibilidade de atingir públicos mais diversos. Mas também acho que tudo isto, no entanto, tem, a olhos vistos, sido paulatinamente superado por ações de fomento à diversidade cultural e, especialmente, pelo trabalho incessante de artistas comprometidos com a arte que produzem.
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Mês passado, participei de uma banca avaliadora de um Trabalho de Conclusão de Curso que se propunha a realizar uma grande reportagem sobre a música independente da cidade: um trabalho de pesquisa visivelmente exaustiva, que, com certeza, arrancou muito suor de suas autoras. Teria sido excelente se não fosse um detalhe: a delimitação do tema. “Música independente de Salvador”, na prática, virou “rock consumido pela classe média jovem frequentadora do Rio Vermelho”. Sim: elas indicaram que iriam falar da música independente da cidade e ignoraram as periferias, os outros universos soteropolitanos, o arrocha, o samba, o rap, o heavy metal... Música independente é um conceito grande demais. Salvador é um espaço enorme (e até o Rio Vermelho também: todo mundo já viu os sambões que acontecem em Dinha? O chorinho do São Jorge? Os shows de MPB e bossa nova que rolam no Sesi? E o que está dentro do Twist, da Padaria, do Salvador Dali?). A ambição de abarcar toda a realidade deste tema só poderia ter sido frustrada.
É óbvio que demarcar um estilo musical, um espaço geográfico e um público seria não apenas mais eficiente, como também recomendável – claro, pesquisas precisam de focos bem definidos. Não haveria mal nenhum em adentrar só neste cenário se esta tivesse sido uma escolha consciente, ponderada, descrita, justificada. O problema era achar que retratar a história de 20 e poucas bandas do rock riovermelhense era dar conta da proposta.
Também é comum rotularem este pedaço da cidade e da produção musical soteropolitana como a representação do “cenário alternativo”. Alternativo a quê? Para quem? No meu entendimento, há duas variáveis bastante relevantes no uso desta expressão. Vejamos:
1) Dizer-se “alternativo” é se colocar num lugar menor. Há uma via principal e há a alternativa? Não corroboraria isso. Até porque, considerando que assim seja, não haveria uma alternativa, e sim várias. O rock, sozinho, não é cena alternativa de um lugar.
2) Dizer-se “alternativo” é se colocar num lugar maior. É dar-se um título de poder indevido, pretensioso, que conota uma ideia de caminho da salvação. “Somos a alternativa” soa como “somos diferenciados”: vocês, do mainstream – pobres mortais alienados –, lá; nós, alternativos – espertos conhecedores do mundo –, cá.
À pergunta final de um dos trabalhos acadêmicos citados, “Como você define o público axé e o público rock?”, eu respondi: “Nego-me aos estereótipos. Há gente de todo tipo nestes dois públicos, e há muita gente que faz parte de ambos. Não reforçamos as secções”. É caduca esta conduta. Caduca e pedante. Não há público melhor ou pior; não há mérito ou alienação intrínseca a público algum. Precisamos parar de nos sentir diferentes – no bom ou no mau sentido – e querer dar prateleiras pra todas as coisas da vida.
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Estou ficando velha e chata, não tenho mais a mesma paciência de estar em ambientes com pessoas de quem eu quase poderia ser mãe, serelepes na descoberta do mundo e das noitadas roqueiras de classe média. Talvez por isso mesmo – por estar velha e chata –, não tenho gosto pela maioria dos trabalhos da chamada “nova geração” do rock de Salvador. (Lembremos que a música independente e até mesmo o rock da capital baiana estão bem além dos shows do Rio Vermelho e da Barra. A nova cena destes bairros não é uma nova cena da cidade.) Não que sejam ruins. Não tenho nenhum superpoder atômico que me dê o direito de dizer o que é bom, o que não é. Mas eles não “falam” comigo. É, de fato, um processo protagonizado e consumido por gente mais jovem, que está chegando nos palcos e nas plateias para ocupar seus merecidos espaços. A fila anda.
Me vale dizer, porém, que respeito o que esta galera anda fazendo: o mérito da união de forças, da programação superativa, dos eventos promovidos, do público por eles conquistado, do profissionalismo. Estão fazendo barulho, chamando atenção, aparecendo na mídia, formando novos técnicos (as bandas estão criando equipes de trabalho de verdade), produzindo o tempo todo. E tudo isto, até onde sei, é novidade: sair do limbo da reclamação, de que na Bahia não tem isso e aquilo, para a ação; interromper o discurso de que, no dito limitado espaço existente, é impossível concorrer com “os grandes”; ignorar as perseguições e encarar com dignidade as patrulhas. Sem medo de errar, de amadurecer, de construir uma história. Fazendo mais que falando. Precisamos aplaudir o que é de merecimento, reconhecer o novo e ver isso se refletir nos discursos sociais e midiáticos.
Bora nessa.
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Adendos:
- O último parágrafo foi praticamente um copiar-colar de um comentário que fiz neste texto de Lucas Jerzy Portela.
- Um viva bem grande à seção cultural do novo iBahia. Isto sim é um espaço democrático e respeitoso diante do que se produz na música local. (Parabéns a Lívia Rangel e Luciano Matos!)
- Um viva maior ainda aos nossos artistas independentes que estão fazendo da agenda de música de Salvador um sem fim de eventos de sucesso. Tá difícil acompanhar tanta coisa! Abra o jornal: nós somos maioria! =)
- Este é meu post número 100!
5 de julho de 2011
Divos
E se esse blog é meu, eu posso falar das minhas olhadelas por cima do muro sem censura, né? Nhá, mas não quero explicar não. A questão que interessa é minha pergunta serial: por que, Deus, existe pretensão se música pode ser assim simples e linda e tocante e viva?
O caso agora é só o desejo de compartilhar aqui que estes dois divos cantam pra mim quase todo dia.
O caso agora é só o desejo de compartilhar aqui que estes dois divos cantam pra mim quase todo dia.
4 de abril de 2011
13 de dezembro de 2010
Por que eu iria ao Festival de Verão...
...na quarta-feira:
Para fingir que conheço o trabalho de Maria Gadú dizendo uns "shimbalaiês" em meio a uma música. Para ter ódio de ver Dinho Ouro Preto tirando a camisa e mantendo a banda adolescente pós-50 anos. Para sentir náuseas com Cláudia Leitte se achando diva. Para prestar atenção no Eva – é, eu dou valor a Saulo, apesar de não aguentar a parte de "minha pequena Eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeva" sem fim. Para dançar o rebolation com Parangolé: bota a mão na cabeça que vai começar!
(Ok, tem Otto no segundo palco. Quem tem coragem de enfrentar o esforço?)
...na quinta-feira:
Para encarar de frente o homem mais feio da música nacional (afinal, já descobriram se Belo é traficante ou não?). Para fazer um trabalho de superação pessoal e assistir sem chorar a um show inteirinho da banda "top 1" da minha lista "foguete-para-o-sol": Jota Quest! Fácil, extremamente fácil! Para ver Ivetão quebrar tudo; ela quebra tudo – mas já começo a achar miniesquisita a composição daquilo: tipo, combina mais não, bem... Para tentar descobrir quem são Jorge & Mateus. Para investigar qual foi o pistolão que conseguiu a vaga para A Zorra.
...na sexta-feira:
Para ter exemplo: Tomate é brasileiro e não desiste nunca. Para enlouquecer com a histeria de Ana Carolina e seus gritos, falsetes e descontroles vocais. Para ouvir repetidas vezes que "o Asa arrêa" e todas as músicas construídas sob a mesma fórmula, e para ficar dizendo: oxente, gente, Durval nem canta mais, quem canta é aquele carinha ali de trás. Para comparar o meu culote com o de Luan Santana e ver quem tá em pior estado. Para gritar que Xanddy é gostoso mesmo gorducho.
(Inda tem Jorge Vercilo, Luiza Possi e Cine no segundo palco. Não aguento tamanha emoção.)
...no sábado:
Para ver os Menudos brasileiros e ficar fazendo coraçãozinho com as mãos! Para resgatar a atração-internacional-desenterrada-da-vez (vão dizer quando quem é?). Para temer as brigas dos chicleteiros, os mais fanáticos religiosos da Baêa. Para ficar desgostando o Jammil e falando como eles transformaram uma banda que nunca teve grande expressão numa máquina de dinheiro. Para tapar os ouvidos com a barulheira do Psirico.
Para fingir que conheço o trabalho de Maria Gadú dizendo uns "shimbalaiês" em meio a uma música. Para ter ódio de ver Dinho Ouro Preto tirando a camisa e mantendo a banda adolescente pós-50 anos. Para sentir náuseas com Cláudia Leitte se achando diva. Para prestar atenção no Eva – é, eu dou valor a Saulo, apesar de não aguentar a parte de "minha pequena Eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeva" sem fim. Para dançar o rebolation com Parangolé: bota a mão na cabeça que vai começar!
(Ok, tem Otto no segundo palco. Quem tem coragem de enfrentar o esforço?)
...na quinta-feira:
Para encarar de frente o homem mais feio da música nacional (afinal, já descobriram se Belo é traficante ou não?). Para fazer um trabalho de superação pessoal e assistir sem chorar a um show inteirinho da banda "top 1" da minha lista "foguete-para-o-sol": Jota Quest! Fácil, extremamente fácil! Para ver Ivetão quebrar tudo; ela quebra tudo – mas já começo a achar miniesquisita a composição daquilo: tipo, combina mais não, bem... Para tentar descobrir quem são Jorge & Mateus. Para investigar qual foi o pistolão que conseguiu a vaga para A Zorra.
...na sexta-feira:
Para ter exemplo: Tomate é brasileiro e não desiste nunca. Para enlouquecer com a histeria de Ana Carolina e seus gritos, falsetes e descontroles vocais. Para ouvir repetidas vezes que "o Asa arrêa" e todas as músicas construídas sob a mesma fórmula, e para ficar dizendo: oxente, gente, Durval nem canta mais, quem canta é aquele carinha ali de trás. Para comparar o meu culote com o de Luan Santana e ver quem tá em pior estado. Para gritar que Xanddy é gostoso mesmo gorducho.
(Inda tem Jorge Vercilo, Luiza Possi e Cine no segundo palco. Não aguento tamanha emoção.)
...no sábado:
Para ver os Menudos brasileiros e ficar fazendo coraçãozinho com as mãos! Para resgatar a atração-internacional-desenterrada-da-vez (vão dizer quando quem é?). Para temer as brigas dos chicleteiros, os mais fanáticos religiosos da Baêa. Para ficar desgostando o Jammil e falando como eles transformaram uma banda que nunca teve grande expressão numa máquina de dinheiro. Para tapar os ouvidos com a barulheira do Psirico.
9 de dezembro de 2010
Mulheres cantantes
A festa era pra bombar, deveríamos ter curtido todas, mas, sei lá, vai saber, deve ser coisa da idade: ficamos sentadinhas tricotando. Ok, a culpa não foi totalmente da velhice, o negócio não engatou mesmo. Baladinha meeira.
Caso é que, de repente, estávamos numa mesa concorrida, cada vez com mais gente: chegavam, sentavam e saíam seres humanos de todos os tipos - e algumas malas, inclusive. O mundo, no entanto, não acabou, e o papo, como geralmente acontece numa aglomeração de quase-desconhecidos, caiu na música.
Eu e Dona Catarina (que agora tornou-se uma pessoa difícil de ser linkada; não sei se a aponto para o blog profissional ou para o pessoal) éramos das poucas pessoas não-artistas que se revezaram nas cadeiras. Enquanto iniciou-se uma discussão sobre o sexo dos anjos, nós duas falamos de um fato comum: não temos gosto específico por cantoras. Calhou que, sei lá também, a gente prefere os homens nos vocais. Machistas.
Hoje, voltando do trabalho em meu belo buzu, estava cantarolando umas músicas quando me lembrei desta conversa...
Bom, caso é que esta introdução toda só veio para eu compartilhar duas das minhas músicas preferidas (estariam tranquilamente no CD da trilha sonora de minha vida), que me acompanharam, hoje, a caminho de casa, e também em tantos outros momentos e circunstâncias. Acho-as lindas, incríveis. E são cantadas por mulheres. Mulheres com quem já dividi mesa de bar várias vezes. Que estão aqui pertinho, na música soteropolitana contemporânea.
Dueto, da banda Matiz, escrita e interpretada por Mariana Diniz:
Como bem diz Lubisco, Dueto é daquelas músicas de raros momentos de inspiração...
Coração de Maria, da banda Aguarraz, escrita por Fábio Cascadura e interpretada por Roberta Simões:
Caso é que, de repente, estávamos numa mesa concorrida, cada vez com mais gente: chegavam, sentavam e saíam seres humanos de todos os tipos - e algumas malas, inclusive. O mundo, no entanto, não acabou, e o papo, como geralmente acontece numa aglomeração de quase-desconhecidos, caiu na música.
Eu e Dona Catarina (que agora tornou-se uma pessoa difícil de ser linkada; não sei se a aponto para o blog profissional ou para o pessoal) éramos das poucas pessoas não-artistas que se revezaram nas cadeiras. Enquanto iniciou-se uma discussão sobre o sexo dos anjos, nós duas falamos de um fato comum: não temos gosto específico por cantoras. Calhou que, sei lá também, a gente prefere os homens nos vocais. Machistas.
Hoje, voltando do trabalho em meu belo buzu, estava cantarolando umas músicas quando me lembrei desta conversa...
Bom, caso é que esta introdução toda só veio para eu compartilhar duas das minhas músicas preferidas (estariam tranquilamente no CD da trilha sonora de minha vida), que me acompanharam, hoje, a caminho de casa, e também em tantos outros momentos e circunstâncias. Acho-as lindas, incríveis. E são cantadas por mulheres. Mulheres com quem já dividi mesa de bar várias vezes. Que estão aqui pertinho, na música soteropolitana contemporânea.
Dueto, da banda Matiz, escrita e interpretada por Mariana Diniz:
Como bem diz Lubisco, Dueto é daquelas músicas de raros momentos de inspiração...
Coração de Maria, da banda Aguarraz, escrita por Fábio Cascadura e interpretada por Roberta Simões:
9 de novembro de 2010
Indicada!
Engraçado que há alguns dias, numa conversa com Luciano Matos (o cara que está à frente tanto do Radioca quanto do el Cabong), eu disse que um dos dois merecia ganhar este troféu. Agora veja! Desleal isso, né? É "briga" de dois contra um!
=)
2 de junho de 2009
Eu tenho uma camiseta escrita eu te amo
Minha história com Wander Wildner começa em São Paulo. Eu estava lá, numa temporada muito proveitosamente solitária de pouco mais de trinta dias, catando experimentar tudo e conhecer gente e zanzar o máximo possível por aquelas ruas cujos cheiro (ainda que poluído) e temperatura tanto me agradam. Era 2006. Clóvis, meu amigo carioca, quis contribuir para o meu processo de socialização e passou ficha completa de Jô: fala com ela, marca com ela!
Precisei respirar fundo para fazer o que me parecia meio ridículo e procurei a menina. Eu tinha o e-mail, o telefone, o orkut, o msn, mas não lembro qual via escolhi para o primeiro contato. Só sei que depois do “oi” a gente ficou se falando por todos os meios para conseguir definir com segurança o quê faríamos juntas – e como seria a logística para que eu não me perdesse no ainda desconhecido mundo paulista.
Então ficou decidido que nos encontraríamos numa estação de metrô onde ela e o (agora ex) namorado estariam me esperando. Eu estava meio tensa com a situação de sair com desconhecidos, não por medo das consequências da velha instrução de não falar com estranhos, mas porque não sou boa nessas coisas de simpatia gratuita, de fingir que tô gostando, fiquei logo maldizendo, pensando no que faria se ela fosse uma chata, se faltasse assunto, se eu quisesse fugir.
Fiquei sentada num banco pensando se desistia ou não enquanto aguardava reconhecer em meio à multidão a menina que ela me descreveu ser. Ela usou um bom macete para ser facilmente identificada. Seguimos para o local do show, eu meio sem saber o que a fez escolher tal programa, mas não estava em condições de impor minhas más vontades.
Wander se apresentaria às 20 horas e a bilheteria seria aberta às 19. Chegamos antes para pegar lugar na fila, ainda que para mim aquilo tudo fosse estranho – chegar antes, horários pontuais, fila para ver Wander Wildner. Minha pequena veia jornalística me fez perguntar a razão de tudo e ela disse sim, o show começa pontualmente, sim, a fila se organiza com antecedência, sim, são poucos ingressos e devem esgotar, não, você não consegue pagar meia se não tiver carteirinha de estudante, como assim esta história de meia é institucionalizada em Salvador?
Quando nos reunimos com o resto da galera, mais um meio mundo de gente animada, seguimos para a fila e não contive a surpresa: nossa!, e não é que tem mesmo gente que quer ver esse cara! Comentário infeliz, estava rodeada de fãs, um deles se identificou e pediu respeito, o que é, menina?, Wander Wildner é rei. Ficou ofendido e balançando a cabeça, nitidamente indignado com minha ignorância.
Eu e minha turma de desconhecidos arrumamos um bom lugar na plateia porque entramos cedo. Nunca que eles correriam o risco de ficar longe da majestade. E eu cada vez mais chocada ao ver o lugar ser lotado com legítimos admiradores que eu não imaginava existirem.
Quem abriu a noite foi Juninho Bill. Yes, Juninho Bill, do Trem da Alegria, uma das minhas fulminantes paixões platônicas infantis, à frente de uma banda de rock cujo nome não gravei e que, como podem ver, não vingou. Não sei dizer se era boa ou ruim, se gostei ou não, porque eu só conseguia reparar no Juninho Bill crescido, reconhecendo nele os gestos, danças e traços do ídolo a quem assisti fazer bagunça no Chacrinha.
Eis que chega a hora de Wander. A despeito de todo traje surrealista que destaca a esquisitice de sua figura, ele veio tranquilão, estilo tô em casa, sem pose nem sinal de que eu pudesse estar certa – porque pensei que ele se surpreenderia com a atitude da moçada delirante, fiquei certa esperando a cara atônita dele diante daquilo, mas não flagrei nele nenhum vestígio de que fosse uma resposta fora de padrão.
Daí para frente, as minhas surpresas foram sucessivas: o povo em êxtase, o coro geral, a banda de coroas, a naturalidade, a baixista de botas surradas e cabelos lindamente curtinhos que cantarolava as letras escrachadas com simpatia e dançava de um jeito que eu involuntariamente passei a imitar. Quando dei por mim, eu estava sacolejando animada e me divertindo de modo incomum para quando me deparo com a apresentação musical de um artista que desconheço. Adorei.
De volta a Salvador, meu computador foi presenteado com parte da discografia do rei do rock brega, se é que isso existe e se cabe eu chamar assim.
No dia 9 de dezembro de 2007, Wander Wildner tocou no Festival BoomBahia e eu fui, animadíssima, disposta a fazer fila com antecedência, revê-lo. Fui na raça, porque estava na ressaca do dia anterior, mas me mantive firme e forte. Desta vez, além de Georgia Branco no baixo, tinha também outra dona moça na banda, a baterista Pitchu.
Na hora do show, subi num troço lá para ter visão privilegiada e espaço para exercer meus ímpetos cafonas incentivados. Num dado momento, durante uma balada facada-no-rim, bailei meu balé impecável, na ponta dos pés, no movimento de braços e mãos. Numa manobra da dança, virei para trás e vi uma criatura me olhando com cara de “que porra é essa?”. No susto envergonhado, saltei do meu posto e saí correndo em busca de comprar uma cerveja. Quando retornei, para meu vexame completo, estavam a tal testemunha e Rafaela, minha acompanhante naquele dia e em tantos outros, batendo papo. Nos instantes em que estive ausente, se conheceram não sei ao certo como, e Rafaela já estava apta a nos apresentar: Paula, este é Lubisco; Lubisco, esta é Paula. Houve algum comentário sobre minha bela dança e tratei de me afastar.
Wander Wildner voltou em abril de 2008, tocou no Pátio do Icba, e fui levar Minha Noiva para conhecê-lo, insisti que foram feitos um para o outro. Rir pouco é bobagem. Fantástico. Fantástico.
Sábado passado, eu estava andando em Dinha com Lubisco, que agora é meu-meu-meu, e me deparo com o cartaz:
- Baaaaaaaaaby, vai ter Wander Wildner! Vamo, vamo, vamo!

10 de junho, quarta, 23 horas (véspera de feriado)
Na Boomerangue
Wander Wildner - acompanhado por Ricardo Cury e Tiago Aziz!
+ Os Irmãos da Bailarina + Dj Cassicas
R$ 15
Precisei respirar fundo para fazer o que me parecia meio ridículo e procurei a menina. Eu tinha o e-mail, o telefone, o orkut, o msn, mas não lembro qual via escolhi para o primeiro contato. Só sei que depois do “oi” a gente ficou se falando por todos os meios para conseguir definir com segurança o quê faríamos juntas – e como seria a logística para que eu não me perdesse no ainda desconhecido mundo paulista.
Então ficou decidido que nos encontraríamos numa estação de metrô onde ela e o (agora ex) namorado estariam me esperando. Eu estava meio tensa com a situação de sair com desconhecidos, não por medo das consequências da velha instrução de não falar com estranhos, mas porque não sou boa nessas coisas de simpatia gratuita, de fingir que tô gostando, fiquei logo maldizendo, pensando no que faria se ela fosse uma chata, se faltasse assunto, se eu quisesse fugir.
Fiquei sentada num banco pensando se desistia ou não enquanto aguardava reconhecer em meio à multidão a menina que ela me descreveu ser. Ela usou um bom macete para ser facilmente identificada. Seguimos para o local do show, eu meio sem saber o que a fez escolher tal programa, mas não estava em condições de impor minhas más vontades.
Wander se apresentaria às 20 horas e a bilheteria seria aberta às 19. Chegamos antes para pegar lugar na fila, ainda que para mim aquilo tudo fosse estranho – chegar antes, horários pontuais, fila para ver Wander Wildner. Minha pequena veia jornalística me fez perguntar a razão de tudo e ela disse sim, o show começa pontualmente, sim, a fila se organiza com antecedência, sim, são poucos ingressos e devem esgotar, não, você não consegue pagar meia se não tiver carteirinha de estudante, como assim esta história de meia é institucionalizada em Salvador?
Quando nos reunimos com o resto da galera, mais um meio mundo de gente animada, seguimos para a fila e não contive a surpresa: nossa!, e não é que tem mesmo gente que quer ver esse cara! Comentário infeliz, estava rodeada de fãs, um deles se identificou e pediu respeito, o que é, menina?, Wander Wildner é rei. Ficou ofendido e balançando a cabeça, nitidamente indignado com minha ignorância.
Eu e minha turma de desconhecidos arrumamos um bom lugar na plateia porque entramos cedo. Nunca que eles correriam o risco de ficar longe da majestade. E eu cada vez mais chocada ao ver o lugar ser lotado com legítimos admiradores que eu não imaginava existirem.
Quem abriu a noite foi Juninho Bill. Yes, Juninho Bill, do Trem da Alegria, uma das minhas fulminantes paixões platônicas infantis, à frente de uma banda de rock cujo nome não gravei e que, como podem ver, não vingou. Não sei dizer se era boa ou ruim, se gostei ou não, porque eu só conseguia reparar no Juninho Bill crescido, reconhecendo nele os gestos, danças e traços do ídolo a quem assisti fazer bagunça no Chacrinha.
Eis que chega a hora de Wander. A despeito de todo traje surrealista que destaca a esquisitice de sua figura, ele veio tranquilão, estilo tô em casa, sem pose nem sinal de que eu pudesse estar certa – porque pensei que ele se surpreenderia com a atitude da moçada delirante, fiquei certa esperando a cara atônita dele diante daquilo, mas não flagrei nele nenhum vestígio de que fosse uma resposta fora de padrão.
Daí para frente, as minhas surpresas foram sucessivas: o povo em êxtase, o coro geral, a banda de coroas, a naturalidade, a baixista de botas surradas e cabelos lindamente curtinhos que cantarolava as letras escrachadas com simpatia e dançava de um jeito que eu involuntariamente passei a imitar. Quando dei por mim, eu estava sacolejando animada e me divertindo de modo incomum para quando me deparo com a apresentação musical de um artista que desconheço. Adorei.
De volta a Salvador, meu computador foi presenteado com parte da discografia do rei do rock brega, se é que isso existe e se cabe eu chamar assim.
No dia 9 de dezembro de 2007, Wander Wildner tocou no Festival BoomBahia e eu fui, animadíssima, disposta a fazer fila com antecedência, revê-lo. Fui na raça, porque estava na ressaca do dia anterior, mas me mantive firme e forte. Desta vez, além de Georgia Branco no baixo, tinha também outra dona moça na banda, a baterista Pitchu.
Na hora do show, subi num troço lá para ter visão privilegiada e espaço para exercer meus ímpetos cafonas incentivados. Num dado momento, durante uma balada facada-no-rim, bailei meu balé impecável, na ponta dos pés, no movimento de braços e mãos. Numa manobra da dança, virei para trás e vi uma criatura me olhando com cara de “que porra é essa?”. No susto envergonhado, saltei do meu posto e saí correndo em busca de comprar uma cerveja. Quando retornei, para meu vexame completo, estavam a tal testemunha e Rafaela, minha acompanhante naquele dia e em tantos outros, batendo papo. Nos instantes em que estive ausente, se conheceram não sei ao certo como, e Rafaela já estava apta a nos apresentar: Paula, este é Lubisco; Lubisco, esta é Paula. Houve algum comentário sobre minha bela dança e tratei de me afastar.
Wander Wildner voltou em abril de 2008, tocou no Pátio do Icba, e fui levar Minha Noiva para conhecê-lo, insisti que foram feitos um para o outro. Rir pouco é bobagem. Fantástico. Fantástico.
Sábado passado, eu estava andando em Dinha com Lubisco, que agora é meu-meu-meu, e me deparo com o cartaz:
- Baaaaaaaaaby, vai ter Wander Wildner! Vamo, vamo, vamo!

10 de junho, quarta, 23 horas (véspera de feriado)
Na Boomerangue
Wander Wildner - acompanhado por Ricardo Cury e Tiago Aziz!
+ Os Irmãos da Bailarina + Dj Cassicas
R$ 15
20 de janeiro de 2009
O pior trocadilho: isso é Dez!
Hoje eu me emocionei lendo o Caderno Dez!, aquele semanal que sai às terças-feiras no nosso jornal A Tarde – o maior e mais respeitado impresso do estado (o que, apesar da pouca concorrência e das condições do jornalismo baiano, não é pouca coisa).
O A Tarde faz parte de minha vida desde sempre, não apenas pelo fato citado acima, mas também porque cresci com um avô que trabalhava no veículo e que passeava com freqüência altíssima trajando com orgulho camisas e bonés com o boneco do negrinho jornaleiro que exibia um exemplar em mãos (alguém mais, além de mim, lembra desta imagem?). "Meu avô trabalha no jornal", eu tinha um orgulho natural daquilo, como se fosse uma predisposição genética – ou predestinação – ter nascido neta de quem podia escrever pra um bocado de gente ler. Mas não se trata disso. Vamos lá.
O Caderno Dez! é o apêndice adolescente do A Tarde. Para não me confessar adolescente-tardia assim às claras, já que sou viciada e leio toda semana, me ponho a acrescentar que é um produto que extrapola as questões que estampam as capas de revistas voltadas a este público – não me lembro de tê-los visto gastar espaço com as síndromes clichês que costumam ser discutidas retardadamente por aí. Sem histeria, sem dicas de maquiagem, sem fixações. Ok, às vezes eles dão umas escorregadas chatas, mas isso acontece com quem tenta acertar.
Aos poucos, eu fui reconhecendo o estilo e o posicionamento dos que nele escrevem – ou escreviam – e construindo com eles minhas discussões – porque é claro que eu fazia meus diálogos. Entre estas pessoas, gente com quem me cruzei posteriormente nos rumos que a vida toma – Nadja Vladi, que respondia pela editoria do caderno (e que saiu agora para assumir o comando da revista Muito, também do A Tarde), foi minha professora na faculdade; Luciano Matos já riu de mim mil vezes, que eu vi; Chico Castro até me escreveu e-mail (que, aliás, eu guardo com carinho danado) elogiando meu trabalho. Já com Ricardo Cury, que virou colunista há pouco, eu me cruzei anteriormente – de um jeito que me dá uma ponta de orgulho parecida com a que sentia em relação ao vovô, porque acho massa ele também estar escrevendo cada vez mais pra um bocado de gente ler. Aliás, cabe dizer, foi Cury quem me despertou o olhar para o Dez!. Eu conhecia, futucava vez ou outra, mas foi ele quem, há um tempão (quando, penso, ele nem sonhava em entrar para a equipe), me disse assim: “Eu compro o A Tarde só nas terças-feiras, para ler o Dez!”. Fiquei curiosa, né? Fiquei. Mas também não se trata disso. Vamos lá.
Eu estava no Beatles Social Club especial de fim de ano, lá pelos últimos dias de 2007. Sendo um evento comemorativo, saiu dos limites da Companhia da Pizza, que o produz, e tomou a Praça Brigadeiro Faria Rocha e as ruas ao redor, no Rio Vermelho. O palco armado receberia uma grade de atrações extensa. Não vou lembrar agora a lista dos artistas que se apresentaram, tampouco a dos que estavam previstos para se apresentar e não o fizeram – é que o burburinho foi interrompido no meio pela polícia, que chegou lá e acabou com a festa.
Mas eu lembro, isso eu lembro, que Glauber ia cantar. Lembro porque a presença dele estava causando expectativa. Lembro porque a minha memória mais antiga de um show de rock, onde fui parar meio por acaso quando eu tinha, sei lá, uns quinze anos, é do Dead Billies enlouquecendo todo mundo. Lembro porque eu nunca esqueci daquela cena, da performance, do cenário daquela noite. Lembro porque eu disse “gente, que cantor fantástico!” e porque o reconheci para sempre, toda vez que o vi – andando por aí e em cima dos palcos, mesmo muito tempo depois.
Estava todo mundo querendo ver Glauber e Glauber não cantou. A polícia chegou no momento exato. Ficou todo mundo puto.
- Oi, Cordemel!
- Ahn?
- Tudo bem, Cordemel?
- Tudo...
- Sim, eu te conheço. Fábio Cascadura fala muito bem de você e te vejo pelo fotolog vez ou outra. Muito prazer, Cordemel!
- Sim, eu também te conheço! E me é uma honra ser reconhecida por você. Muito prazer, Glauber.
E a gente conversou pra cacete. Voltei para casa com um link e o e-mail dele anotados.
Glauber,
Já baixei todas as músicas. Adorei!
Tralalá, tralalá. Escrevi babando o ovo. Eu apaixonei por algumas faixas assim, na primeira ouvida. Confesso que, no primeiro instante, eu me assustei com o que ouvi: “Oxe, é Glauber fazendo isso? E é???”. Mas durou meio segundo e desconstruí e fiquei amarradona e repeti mil vezes e decorei letras e espalhei a notícia.
Hoje, o Caderno Dez! anunciava em um dos destaques de capa: “Teclas Pretas é o novo projeto de Glauber Guimarães”. E dentro, lá na página 7, na matéria intitulada “O artista se reinventa”, Chicão Castro foi detonador. Foi sensacional. Foi um jornalista da porra! Ele colocou assumidamente na gaveta a pretensa e mítica objetividade jornalística e disse, com todas as letras, que era incapaz de se segurar. Deixou que todo mundo visse sua absoluta parcialidade em associar Glauber à obrigação de fazer elogios. Deu para ver a cara de vibração e para ouvir algo como “putaquepariu, esse cara é foda!”. E, deste jeito cheio de subjetividade, usando adjetivações tão conotativas quanto “incrível”, ele conseguiu informar de forma certeira o que é o Teclas Pretas – e deixou claro o que a paixão pela música, pela história do rock na Bahia e pelo compromisso com a honestidade é capaz de fazer com um profissional do tal 4º poder.
Então, como eu disse, hoje eu me emocionei lendo o Caderno Dez!.
Por poder testemunhar isso, por conhecer estes caras, por haver coisas boas para aplaudir.
Leia AQUI o citado texto de Chico Castro, "O artista se reinventa", Coluna Coletânea - Caderno Dez! - Jornal A Tarde, terça-feira, 20 de janeiro de 2009.
O A Tarde faz parte de minha vida desde sempre, não apenas pelo fato citado acima, mas também porque cresci com um avô que trabalhava no veículo e que passeava com freqüência altíssima trajando com orgulho camisas e bonés com o boneco do negrinho jornaleiro que exibia um exemplar em mãos (alguém mais, além de mim, lembra desta imagem?). "Meu avô trabalha no jornal", eu tinha um orgulho natural daquilo, como se fosse uma predisposição genética – ou predestinação – ter nascido neta de quem podia escrever pra um bocado de gente ler. Mas não se trata disso. Vamos lá.
O Caderno Dez! é o apêndice adolescente do A Tarde. Para não me confessar adolescente-tardia assim às claras, já que sou viciada e leio toda semana, me ponho a acrescentar que é um produto que extrapola as questões que estampam as capas de revistas voltadas a este público – não me lembro de tê-los visto gastar espaço com as síndromes clichês que costumam ser discutidas retardadamente por aí. Sem histeria, sem dicas de maquiagem, sem fixações. Ok, às vezes eles dão umas escorregadas chatas, mas isso acontece com quem tenta acertar.
Aos poucos, eu fui reconhecendo o estilo e o posicionamento dos que nele escrevem – ou escreviam – e construindo com eles minhas discussões – porque é claro que eu fazia meus diálogos. Entre estas pessoas, gente com quem me cruzei posteriormente nos rumos que a vida toma – Nadja Vladi, que respondia pela editoria do caderno (e que saiu agora para assumir o comando da revista Muito, também do A Tarde), foi minha professora na faculdade; Luciano Matos já riu de mim mil vezes, que eu vi; Chico Castro até me escreveu e-mail (que, aliás, eu guardo com carinho danado) elogiando meu trabalho. Já com Ricardo Cury, que virou colunista há pouco, eu me cruzei anteriormente – de um jeito que me dá uma ponta de orgulho parecida com a que sentia em relação ao vovô, porque acho massa ele também estar escrevendo cada vez mais pra um bocado de gente ler. Aliás, cabe dizer, foi Cury quem me despertou o olhar para o Dez!. Eu conhecia, futucava vez ou outra, mas foi ele quem, há um tempão (quando, penso, ele nem sonhava em entrar para a equipe), me disse assim: “Eu compro o A Tarde só nas terças-feiras, para ler o Dez!”. Fiquei curiosa, né? Fiquei. Mas também não se trata disso. Vamos lá.
Eu estava no Beatles Social Club especial de fim de ano, lá pelos últimos dias de 2007. Sendo um evento comemorativo, saiu dos limites da Companhia da Pizza, que o produz, e tomou a Praça Brigadeiro Faria Rocha e as ruas ao redor, no Rio Vermelho. O palco armado receberia uma grade de atrações extensa. Não vou lembrar agora a lista dos artistas que se apresentaram, tampouco a dos que estavam previstos para se apresentar e não o fizeram – é que o burburinho foi interrompido no meio pela polícia, que chegou lá e acabou com a festa.
Mas eu lembro, isso eu lembro, que Glauber ia cantar. Lembro porque a presença dele estava causando expectativa. Lembro porque a minha memória mais antiga de um show de rock, onde fui parar meio por acaso quando eu tinha, sei lá, uns quinze anos, é do Dead Billies enlouquecendo todo mundo. Lembro porque eu nunca esqueci daquela cena, da performance, do cenário daquela noite. Lembro porque eu disse “gente, que cantor fantástico!” e porque o reconheci para sempre, toda vez que o vi – andando por aí e em cima dos palcos, mesmo muito tempo depois.
Estava todo mundo querendo ver Glauber e Glauber não cantou. A polícia chegou no momento exato. Ficou todo mundo puto.
- Oi, Cordemel!
- Ahn?
- Tudo bem, Cordemel?
- Tudo...
- Sim, eu te conheço. Fábio Cascadura fala muito bem de você e te vejo pelo fotolog vez ou outra. Muito prazer, Cordemel!
- Sim, eu também te conheço! E me é uma honra ser reconhecida por você. Muito prazer, Glauber.
E a gente conversou pra cacete. Voltei para casa com um link e o e-mail dele anotados.
Glauber,
Já baixei todas as músicas. Adorei!
Tralalá, tralalá. Escrevi babando o ovo. Eu apaixonei por algumas faixas assim, na primeira ouvida. Confesso que, no primeiro instante, eu me assustei com o que ouvi: “Oxe, é Glauber fazendo isso? E é???”. Mas durou meio segundo e desconstruí e fiquei amarradona e repeti mil vezes e decorei letras e espalhei a notícia.
Hoje, o Caderno Dez! anunciava em um dos destaques de capa: “Teclas Pretas é o novo projeto de Glauber Guimarães”. E dentro, lá na página 7, na matéria intitulada “O artista se reinventa”, Chicão Castro foi detonador. Foi sensacional. Foi um jornalista da porra! Ele colocou assumidamente na gaveta a pretensa e mítica objetividade jornalística e disse, com todas as letras, que era incapaz de se segurar. Deixou que todo mundo visse sua absoluta parcialidade em associar Glauber à obrigação de fazer elogios. Deu para ver a cara de vibração e para ouvir algo como “putaquepariu, esse cara é foda!”. E, deste jeito cheio de subjetividade, usando adjetivações tão conotativas quanto “incrível”, ele conseguiu informar de forma certeira o que é o Teclas Pretas – e deixou claro o que a paixão pela música, pela história do rock na Bahia e pelo compromisso com a honestidade é capaz de fazer com um profissional do tal 4º poder.
Então, como eu disse, hoje eu me emocionei lendo o Caderno Dez!.
Por poder testemunhar isso, por conhecer estes caras, por haver coisas boas para aplaudir.
Leia AQUI o citado texto de Chico Castro, "O artista se reinventa", Coluna Coletânea - Caderno Dez! - Jornal A Tarde, terça-feira, 20 de janeiro de 2009.
24 de junho de 2008
Half a Person
Ou Back To The Old House
Ou Girl Afraid
Ou Heaven Knows I'm Miserable Now
Ou I Keep Mine Hidden
Ou These Things Take Time
Ou I Know It's Over
Ou Is It Really So Strange
Ou I Started Something I Couldn't Finish
Ou I Want The One I Can't Have
Ou Last Night I Dreamt That Somebody Loved Me
Ou What Difference Does It Make?
Ou Please, Please, Please, Let Me Get What I Want
Ou You Just Haven't Earned It Yet, Baby
(Qualquer título deles parece caber agora.)
Os Smiths, a voz de Morrissey e a batidinha rítmica típica das músicas deles me lembram um tempo bom. Um tempo em que eu sorria sem tentar traduzir o que sentia. Eu simplesmente vivia e era feliz. Era livre, desprendida e leve. Tinha o mundo inteiro para experimentar, acreditava que as coisas existiam todas para mim, à minha disposição. Eu me jogava, mergulhava e tudo parecia dar certo. Eu tinha um prazer enorme em passar por cada segundo, em descobrir, em investir. Eu me lembro de muitos sorrisos, de uma satisfação íntima infantil. Eu gostava até de sofrer, porque me sentia mais forte quando passava. Eu era assim cheia de esperanças, não me escondia atrás de convicções e consciências castradoras. Meus medos eram mais motivadores do que concretos e alertas. Eu encarava as coisas com a firmeza de quem ama mais do que pensa. Eu amava mais e pensava menos.
Os Smiths ontem me esfregaram na cara as minhas incompetências. E doeu ouvir a trilha sonora do passado ser tocada numa situação tão drasticamente oposta às minhas memórias.
Tudo isto me lembrou este texto de Alex: Fantasmas de Felicidades Passadas. Recomendo!
Ou Girl Afraid
Ou Heaven Knows I'm Miserable Now
Ou I Keep Mine Hidden
Ou These Things Take Time
Ou I Know It's Over
Ou Is It Really So Strange
Ou I Started Something I Couldn't Finish
Ou I Want The One I Can't Have
Ou Last Night I Dreamt That Somebody Loved Me
Ou What Difference Does It Make?
Ou Please, Please, Please, Let Me Get What I Want
Ou You Just Haven't Earned It Yet, Baby
(Qualquer título deles parece caber agora.)
Os Smiths, a voz de Morrissey e a batidinha rítmica típica das músicas deles me lembram um tempo bom. Um tempo em que eu sorria sem tentar traduzir o que sentia. Eu simplesmente vivia e era feliz. Era livre, desprendida e leve. Tinha o mundo inteiro para experimentar, acreditava que as coisas existiam todas para mim, à minha disposição. Eu me jogava, mergulhava e tudo parecia dar certo. Eu tinha um prazer enorme em passar por cada segundo, em descobrir, em investir. Eu me lembro de muitos sorrisos, de uma satisfação íntima infantil. Eu gostava até de sofrer, porque me sentia mais forte quando passava. Eu era assim cheia de esperanças, não me escondia atrás de convicções e consciências castradoras. Meus medos eram mais motivadores do que concretos e alertas. Eu encarava as coisas com a firmeza de quem ama mais do que pensa. Eu amava mais e pensava menos.
Os Smiths ontem me esfregaram na cara as minhas incompetências. E doeu ouvir a trilha sonora do passado ser tocada numa situação tão drasticamente oposta às minhas memórias.
Tudo isto me lembrou este texto de Alex: Fantasmas de Felicidades Passadas. Recomendo!
24 de fevereiro de 2008
Dois em Um
Luisão escreve. Escreve umas facadas de maneira sutil, quase lúdica, quase como uma criança diria. E dói, quase sempre dói pra caralho, ler, ouvir.
Aí ele se junta a Fernanda, aquela mulher saída de um quadro perfeito, e criam, montam, esculpem, e ela canta - sem firula, sem frescura, só com sua vozinha que se finge de pequenininha, mas que é cheia de autoridade e que aumenta a força do golpe afiado.
Eu sofro horrores ouvindo Dois em Um.
Deixem de se fazer de bonzinhos, deixem de se fazer de inofensivos e parem de me fazer em pensar em bobagens, seus malvados.
Aí ele se junta a Fernanda, aquela mulher saída de um quadro perfeito, e criam, montam, esculpem, e ela canta - sem firula, sem frescura, só com sua vozinha que se finge de pequenininha, mas que é cheia de autoridade e que aumenta a força do golpe afiado.
Eu sofro horrores ouvindo Dois em Um.
Deixem de se fazer de bonzinhos, deixem de se fazer de inofensivos e parem de me fazer em pensar em bobagens, seus malvados.
7 de dezembro de 2007
Festivais
Achei feliz o texto do destaque da agenda da semana do Caderno Dez!, do jornal A Tarde, desta terça-feira (mesmo que eles tenham cometido o erro de não citar o nome do Cascadura, um dos evidentes destaques da programação do Festival em questão):
"Todo mundo reclama, diz que não tem festival de rock na Bahia, que o Festival de Verão não traz nada de diferente. Então não tem desculpa para não ir no 3º Boom Bahia, que além de tudo é de graça. Tudo bem que o festival também não tem atrações muito esperadas, mas tem Snoozer [SE], Montage [CE], Wander Wildner [RS] e, melhor que todos eles, Retrofoguetes [BA]. Lá, também vão aparecer Rebeca Matta, Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta, Pessoas Invisíveis, Berlinda e os DJs Big Brother, Adriana Prates e Mauro Telefunksoul. Outro bom motivo para ir no 3º Boom Bahia é visitar o Pelourinho. Depois do marasmo, estão rolando muitos shows legais por lá. Pro reclamão, não tem desculpa."
Cascadura, por Ricardo Ferro
Lou, por Igor B.
Aguarraz, por Paula Meyer
"Todo mundo reclama, diz que não tem festival de rock na Bahia, que o Festival de Verão não traz nada de diferente. Então não tem desculpa para não ir no 3º Boom Bahia, que além de tudo é de graça. Tudo bem que o festival também não tem atrações muito esperadas, mas tem Snoozer [SE], Montage [CE], Wander Wildner [RS] e, melhor que todos eles, Retrofoguetes [BA]. Lá, também vão aparecer Rebeca Matta, Ronei Jorge e os Ladrões de Bicicleta, Pessoas Invisíveis, Berlinda e os DJs Big Brother, Adriana Prates e Mauro Telefunksoul. Outro bom motivo para ir no 3º Boom Bahia é visitar o Pelourinho. Depois do marasmo, estão rolando muitos shows legais por lá. Pro reclamão, não tem desculpa."
Caderno Dez!, Jornal A Tarde, 04/12/2007
Por falar nisso, o Festival de Verão - batizado por Luciano Matos como Festival de Merdão depois de ter sido divulgada a lastimável grade de atrações do seu palco principal - deu uma boa suspirada e saiu do coma vegetativo ao confirmar a maior parte dos nomes do "Palco Tendências": tem Cachorro Grande e Pato Fu, além de minhas queridas e adoradas bandas-clientes: Cascadura, Lou e Aguarraz.
Ufa, tem gente de bom gosto envolvida no troço!
Então: eba! Bingo!
Pelo visto, estarei lá, feliz, todos os dias.



21 de novembro de 2007
Só deixo meu coração na mão de quem pode
É um saco blog cheio de letra de música, sim, um saco bem cheio. Mas Clóvis veio e me apresentou esta daí como sendo meu hino. Gostei. Queria mesmo que fosse - tão simples. Meu coração não é tão regrado, talvez também não tão exigente, e o ciúme nem sempre é só vaidade. Publico, porém, porque gostaria de ser segura e decidida a ponto de cantar isso como meu. Não sou tudo que pareço e enceno. Não tenho a força e a gentileza que em mim enxergam. Tenho mais medos e angústias do que o previsto, guardo lágrimas contidas da vergonha que sinto por ser gente quando se dizem surpresos por eu ser como sou. Temo a média que apontam ultrapassada por mim - que raça é essa, então, eu que sou esse pouco daqui? Temo e busco quem não me diga tanto. Garimpemos enquanto há impulso, enquanto há carência. No resto do tempo, sejamos sociais, obrigada. A verdade é que desisti do mundo há tempos, habito por dentro, virando do avesso, entrando pela boca até voltar ao normal - e começar de novo. Só eu entro em mim. O que está por fora, já que está aqui, sorri e se diverte, finge estar em casa. Lastimar-se é perda de tempo, já que não tem jeito, existem coisas mais gostosas a se fazer. Queria que fosse meu hino não só pelo que mostro, mas também pelo que vivo. Publico. Que assim seja.
Só deixo meu coração na mão de quem pode
Fazer da minha alma suporte pra uma vida insinuante
Insinuante anti-tudo que não possa ser
Bossa Nova hardcore
Bossa Nova nota dez
Quero dizer
Eu tô pra tudo nesse mundo
Então só vou deixar meu coração
A alma do meu corpo
Na mão de quem pode
Na mão de quem pode e absorve todo céu, qualquer inferno
Inspiração de mutação da vagabunda intenção
De se jogar na dança absoluta
Da matança do que é tédio, conformismo, aceitação
Do “fico aqui, vou te levando nessa dança”
Submundo pode tudo do amor
Pode tudo do amor
Porque não quero teu ciúme que é o cúmulo
Ciúme é acúmulo de dúvida, incerteza de si mesmo
Projetado, assim jogado
Como lama anti-erótica na cara do desejo mais intenso de ficar com a pessoa
E eu não tô à toa
Eu sou muito boa
Eu sou muito boa pra vida
Eu sou a vida oferecida como dança
E não quero te dar gelo
Jealous guy
Vê se aprende, se desprende
Vem pra mim
Que sou esfinge do amor
Te sussurrando: decifra-me
Só deixo minha alma, só deixo o coração
Só deixo minha alma na mão de quem pode
Só deixo minha alma
Só deixo meu coração na mão de quem ama solto
Eu vou dizendo
Que só deixo minha alma, só deixo meu coração
Na mão de quem pode fazer dele erótico suporte
Pra tudo que é ótimo fator vital
(Katia B, Marcos Cunha, Plínio Profeta, Fausto Fawcett)
Ah! Leiam isso. Indico.
Ai, ai.
Só deixo meu coração na mão de quem pode
Fazer da minha alma suporte pra uma vida insinuante
Insinuante anti-tudo que não possa ser
Bossa Nova hardcore
Bossa Nova nota dez
Quero dizer
Eu tô pra tudo nesse mundo
Então só vou deixar meu coração
A alma do meu corpo
Na mão de quem pode
Na mão de quem pode e absorve todo céu, qualquer inferno
Inspiração de mutação da vagabunda intenção
De se jogar na dança absoluta
Da matança do que é tédio, conformismo, aceitação
Do “fico aqui, vou te levando nessa dança”
Submundo pode tudo do amor
Pode tudo do amor
Porque não quero teu ciúme que é o cúmulo
Ciúme é acúmulo de dúvida, incerteza de si mesmo
Projetado, assim jogado
Como lama anti-erótica na cara do desejo mais intenso de ficar com a pessoa
E eu não tô à toa
Eu sou muito boa
Eu sou muito boa pra vida
Eu sou a vida oferecida como dança
E não quero te dar gelo
Jealous guy
Vê se aprende, se desprende
Vem pra mim
Que sou esfinge do amor
Te sussurrando: decifra-me
Só deixo minha alma, só deixo o coração
Só deixo minha alma na mão de quem pode
Só deixo minha alma
Só deixo meu coração na mão de quem ama solto
Eu vou dizendo
Que só deixo minha alma, só deixo meu coração
Na mão de quem pode fazer dele erótico suporte
Pra tudo que é ótimo fator vital
(Katia B, Marcos Cunha, Plínio Profeta, Fausto Fawcett)
Ah! Leiam isso. Indico.
Ai, ai.
18 de novembro de 2007
Não posso julgar ninguém
Ao seu lado
ela se dispõe a estar
pronta para lutar
por um sorriso seu
Ao seu lado
ela se satisfaz
quando você diz mais
que "tudo bem, baby"
Você estala os dedos
e ela está lá
pronta pra se entregar
aos seus caprichos de rei
Você sabe
o quanto ela tem contado
com um final feliz
claro que ao seu lado
Você disfarça quando troca os nomes
mas é impossível ela não perceber
Quando derrotada no escuro do quarto
se desmancha em prantos
mas ainda quer você
Eu no seu lugar tentava mudar
Ao menos uma vez
Faria ela ver quem é você
Mas isso é contigo, rei
Eu vivo sozinho
Não posso julgar você
Você quase
já não lhe dá atenção
me corta o coração
ver-lhe os olhos marejados
Quem me dera
tê-la assim ao meu lado
mas guardo esse pecado
para o confessionário
Ela se distrai alimentando sonhos
que certamente você constrói com outro alguém
Se ela me ligar outra vez chorando
o que é que eu digo, rei?
ela ainda quer você
Eu no seu lugar tentava mudar
Ao menos uma vez
Faria ela ver quem é você
Mas isso é contigo, rei
Eu vivo sozinho
Não posso julgar você
[Não posso julgar ninguém]
(Fábio Magalhães)
Odeio e amo esta música. Muito.
.
.
.
Quem quiser o MP3, só pedir.
ela se dispõe a estar
pronta para lutar
por um sorriso seu
Ao seu lado
ela se satisfaz
quando você diz mais
que "tudo bem, baby"
Você estala os dedos
e ela está lá
pronta pra se entregar
aos seus caprichos de rei
Você sabe
o quanto ela tem contado
com um final feliz
claro que ao seu lado
Você disfarça quando troca os nomes
mas é impossível ela não perceber
Quando derrotada no escuro do quarto
se desmancha em prantos
mas ainda quer você
Eu no seu lugar tentava mudar
Ao menos uma vez
Faria ela ver quem é você
Mas isso é contigo, rei
Eu vivo sozinho
Não posso julgar você
Você quase
já não lhe dá atenção
me corta o coração
ver-lhe os olhos marejados
Quem me dera
tê-la assim ao meu lado
mas guardo esse pecado
para o confessionário
Ela se distrai alimentando sonhos
que certamente você constrói com outro alguém
Se ela me ligar outra vez chorando
o que é que eu digo, rei?
ela ainda quer você
Eu no seu lugar tentava mudar
Ao menos uma vez
Faria ela ver quem é você
Mas isso é contigo, rei
Eu vivo sozinho
Não posso julgar você
[Não posso julgar ninguém]
(Fábio Magalhães)
Odeio e amo esta música. Muito.
.
.
.
Quem quiser o MP3, só pedir.
12 de novembro de 2007
Vício novo
"Vou insistindo em não pirar de vez
É o que há de melhor em mim e que me faz crescer
Não há ninguém no mundo inteiro capaz de dizer
O que eu posso, o que não posso ou o que eu devo fazer"
Você já conhece a Aguarraz?
É meu novo vício musical, projeto de amigos, com a voz marcante de minha quase-prima (ambas somos parentes de Irmã Dulce - sim, a quase santa -, mas por lados diferentes da família) à frente.
Mais que recomendo.
Aí em cima, trecho da música "Bem Mais Leve", a minha preferida, uma composição de Fábio, do Cascadura, com Rafael Ribeiro.
Ouço umas 17 vezes por dia, no mínimo.
Foto por Paula Meyer.
É o que há de melhor em mim e que me faz crescer
Não há ninguém no mundo inteiro capaz de dizer
O que eu posso, o que não posso ou o que eu devo fazer"
Você já conhece a Aguarraz?
É meu novo vício musical, projeto de amigos, com a voz marcante de minha quase-prima (ambas somos parentes de Irmã Dulce - sim, a quase santa -, mas por lados diferentes da família) à frente.
Mais que recomendo.
Aí em cima, trecho da música "Bem Mais Leve", a minha preferida, uma composição de Fábio, do Cascadura, com Rafael Ribeiro.
Ouço umas 17 vezes por dia, no mínimo.

16 de outubro de 2007
15 Parabéns
Você já votou? Você vai comemorar com a gente? Você viu que eles estiveram no Jô, no Bem Brasil, estreando clipe na MTV, na TVE de Minas, TVE Bahia, no Jornal da MTV, e em várias outras coisitas e ocasiões que escapuliram do YouTube? Você viu como eles deram show no teatro ao lado de Morotó e de Ronei? O teaser, você viu? E Wilson Melo mandando Fábio tomar no cu? E Queda Livre, minha preferida?
30 de abril de 2007
Lou com Danny Nascimento nos vocais

Após quatro meses de recesso dos palcos e de muitos ensaios, a Lou está pronta para apresentar a sua nova vocalista: a cantora e compositora Danny Nascimento. O show de estréia da nova formação será neste domingo, dia 06 de maio, às 17 horas, no Café Teatro Sitorne – local ideal para destacar a musicalidade de quem se apresenta. A banda Mirabolix, revelação no prêmio Rock Independente Bahia 2005, é a convidada para abrir a festa.
Danny Nascimento ficou famosa ao participar do programa Fama, da Rede Globo, em 2002, tendo a sua competência confirmada por todo o país. Ao longo dos nove anos de carreira, ela já gravou três discos independentes. A entrada na Lou surgiu quando, após a despedida da ex-vocalista Dea Gabi em novembro passado, a banda iniciou a procura por alguém que fosse capaz de fazer a substituição com talento e atitude. A indicação foi feita pelo músico Jorge Solovera, que está fazendo a direção musical do primeiro CD do grupo, a ser lançado no segundo semestre. A identificação entre Danny e os integrantes da Lou foi imediata e promete surpreender aqueles que não conhecem o lado rock – tão presente em sua história, mas ainda pouco mostrado publicamente – da cantora.
A Lou surgiu em 2003 e já tem nome consagrado na cena local. A personalidade musical, que oscila entre peso e melancolia, se destaca por uma potente presença feminina, desconstruindo qualquer possível idéia de que bandas com mulheres não prezam por qualidade de som. Danny Nascimento se junta a Carol Ribeiro (guitarra), Mel Lopo (guitarra), Tati Trad (baixo) e Jera Cravo (bateria) para consolidar esta trajetória.
O show de domingo está sendo cuidadosamente preparado para que fique marcado com sucesso este importante momento de transição. No repertório, músicas já conhecidas pelo público e algumas inéditas, como Não Ser, assinada pela própria Danny Nascimento.
O quê: Show da Lou – estréia da vocalista Danny Nascimento
Quem: Lou e Mirabolix
Quando: 06/05/2007 (domingo), a partir das 17 horas
Onde: Café Teatro Sitorne (Rua Deputado Cunha Bueno, 23 – Rio Vermelho)
Quanto: R$ 5
Vendas antecipadas:
- Maniac Records (Av. Manoel Dias da Silva, 1759, ed. Vivi Center, sala 302, Pituba)
- Girrrl Tattoo (Shopping Ponto 5 – Al. Pádua, 59, loja 11 – Parque Julio Cesar, Pituba)
Mais informações: www.lou.com.br / www.fotolog.com/louband
Ou fale comigo, baby.
She would like to be leaving home
Wednesday morning at five o'clock as the day begins
Silently closing her bedroom door
Leaving the note that she hoped would say more
She goes downstairs to the kitchen clutching her handkerchief
Quietly turning the backdoor key
Stepping outside she is free
She (We gave her most of our lives)
Is leaving (Sacrificed most of our lives)
Home (We gave her everything money could buy)
She's leaving home after living alone
For so many years
Bye bye
Father snores as his wife gets into her dressing gown
Picks up the letter that's lying there
Standing alone at the top of the stairs
She breaks down and cries to her husband
Daddy our baby's gone
Why would she treat us so thoughtlessly?
How could she do this to me?
She (We never thought of ourselves)
Is leaving (Never a thought for ourselves)
Home (We struggled hard all our lives to get by)
She's leaving home after living alone
For so many years
Bye bye
Friday morning at nine o'clock she is far away
Waiting to keep the appointment she made
Meeting a man from the motor trade
She (What did we do that was wrong)
Is having (We didn't know it was wrong)
Fun (Fun is the one thing that money can't buy)
Something inside that was always denied
For so many years
Bye bye
She's leaving home
Bye bye
Tantas vezes já ouvi She's Leaving Home. Mas hoje, sabe-se lá porque, resolvi ouvi-la e cantá-la enquanto a lia - e acho que poucas vezes na vida fui tão profundamente tocada por uma música assim. Eu só posso chamar isto de sacanagem com minha cara, oras. Fico aqui incentivando minha deprê, mas não consigo tirar do repeat.
I would like to be leaving home.
Leaving Earth.
--------------------------------------
Peraí, peraí: Juliana também está brincando comigo, não é, menina? Pára com isso! Que coisa! Encontrar este texto logo agora, minha filha, que malvada você.
Silently closing her bedroom door
Leaving the note that she hoped would say more
She goes downstairs to the kitchen clutching her handkerchief
Quietly turning the backdoor key
Stepping outside she is free
She (We gave her most of our lives)
Is leaving (Sacrificed most of our lives)
Home (We gave her everything money could buy)
She's leaving home after living alone
For so many years
Bye bye
Father snores as his wife gets into her dressing gown
Picks up the letter that's lying there
Standing alone at the top of the stairs
She breaks down and cries to her husband
Daddy our baby's gone
Why would she treat us so thoughtlessly?
How could she do this to me?
She (We never thought of ourselves)
Is leaving (Never a thought for ourselves)
Home (We struggled hard all our lives to get by)
She's leaving home after living alone
For so many years
Bye bye
Friday morning at nine o'clock she is far away
Waiting to keep the appointment she made
Meeting a man from the motor trade
She (What did we do that was wrong)
Is having (We didn't know it was wrong)
Fun (Fun is the one thing that money can't buy)
Something inside that was always denied
For so many years
Bye bye
She's leaving home
Bye bye
Tantas vezes já ouvi She's Leaving Home. Mas hoje, sabe-se lá porque, resolvi ouvi-la e cantá-la enquanto a lia - e acho que poucas vezes na vida fui tão profundamente tocada por uma música assim. Eu só posso chamar isto de sacanagem com minha cara, oras. Fico aqui incentivando minha deprê, mas não consigo tirar do repeat.
I would like to be leaving home.
Leaving Earth.
--------------------------------------
Peraí, peraí: Juliana também está brincando comigo, não é, menina? Pára com isso! Que coisa! Encontrar este texto logo agora, minha filha, que malvada você.
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