23 de março de 2007

O meu king-kong

Na faculdade de Psicologia, eu, Aline e Flávia éramos um trio-parada-dura. Descobrimos o quanto poderíamos ser amigas quando, numa das fugas de aula para tomar cerveja, o álcool subiu à cabeça e começamos a divagar sobre nossos relacionamentos. Descobrimos que nós três estávamos vivendo situações parecidas com os respectivos namorados e, pouco tempo depois, estávamos as três solteiras, inseparáveis. Acompanhamos passo-a-passo a história das companheiras, foi quase um processo terapêutico mesmo.

Meu namorado da época, notando o quanto aquela amizade estava me levando para o mau caminho, não ia com a cara das meninas. Mas nós recebemos um convite de um dos famosinhos da faculdade, que era vidrado em Aline, para ir ao seu aniversário, e eu arrastei o homem junto, para ver se quebrava o gelo. A festa prometia: seria realizada numa casa de praia, churrasco e cerveja rolando sem parar, gente boa reunida. Imperdível.

Chegamos na festa, eu, minhas companheiras e o namorado, na maior animação. Naquele clima que a gente sentia que o negócio ia ser bom, que a gente estava a fim de se esbaldar. Oba. Estranhei a presença da professora mais carrasca que tive na vida, uma figura respeitadíssima no meio, que me ensinou muito sobre muitas coisas, mas que eu jamais convidaria para minha festa de aniversário. Ela ainda estava acompanhada do marido e da filha. Perguntei a Aline: "Ué, a prof veio com a família toda! Quanta intimidade com nosso amiguinho, hein?". E Aline me esclareceu que a figura aniversariante gostava desses elos com professores, que ele era fã da prof má e que deveria estar muito feliz de ela ter comparecido.

Ótimo. Comemos, bebemos, dançamos, gritamos e fizemos tudo que tínhamos direito. Meu namorado se meteu a fazer o churrasco, a gente comandava o isopor de bebidas, escolhia as músicas, organizava joguinhos de dominó. Uma farra, só dava nós.

Tempo vai, tempo vem, eu esperando outros coleguinhas da faculdade chegarem e nada... A festa cheia, mas só de caras desconhecidas. De novo, falei com Aline: "Estamos com muita moral. Fomos as únicas colegas convidadas, dá-lhe Aline! Pegou o homem de jeito mesmo, hein, amiga?". Ela não achava muita graça nas minhas piadas sobre o assunto, mas, naquela situação, achou o máximo. Continuemos na farra.

A noite foi chegando, o povo já ficando torto, a gente mandando em tudo, todo mundo entrosado, iuhú! Farra das boas. Alguém decidiu: é hora dos parabéns! Traz o bolo! E veio aquele bolo lindo, enorme, glicose na veia, estávamos precisando.

Todo mundo em torno da mesa, eu, Aline e Flávia cantando parabéns mais alto que tudo, fazendo dancinha, batendo palma fora do ritmo, rindo pra caralho, aquela abestalhação toda.

"Parabéns pra você!..." - Iuhúúúú, iuhúúúú!!
"Chegou a hora de apagar a velinha!..." - Vamos lá, minha gente!!
"Que Deus lhe dê muita saúde e paz!..." - E cerveja!!! Cerveeeeeeeeja!!!

E eis que chega a grande hora:
"É big, é big, é big, é big, é big!
É hora, é hora, é hora, é hora, é hora!
Rá! Tim! Bum!..."
Seguramos na mão uma das outras e gritamos bem alto o nome do nosso querido aniversariante. Mas nossa gritaria não foi suficiente para abafar a gritaria do povo todo reunido. Notamos que algo não batia: a galera não parecia estar falando a mesma coisa que nós três. A gente insistia, mas aos poucos foi ficando feio. A princípio, pensei que o pessoal pudesse estar falando um apelido do aniversariante que a gente não conhecia na faculdade, eram outros amigos, afinal. Sem parar de gritar de cá, tentamos entender que porra o pessoal estava falando. Que merda de apelido é esse que estão dizendo? Um nome de mulher? Que espécie de brincadeira é essa? A gente foi se olhando estranho, com cara de interrogação, o povo ao redor também. Até que a cantoria acaba e chega a hora de apagar a vela. E o nosso amigo aniversariante, no canto que estava, ficou. Só bateu palmas como todo mundo mais. Quem veio feliz apagar a vela foi a filha da prof má. Apagou, fez pedidos, ganhou abraço de todo mundo, aquela comoção.

Eu, Aline e Flávia ficamos com cara de cu, paradas, em estado de choque. O nosso amigo lá, no meio do povo, dando parabéns à pirralha, como se nada estivesse acontecendo. Perguntei: "Ué, o aniversário não é de fulaninho, não?". A prof má ouviu minha pergunta, se aproximou e respondeu: "Não, queridas, o aniversário é de minha filha, e esta é a minha casa. Aliás, não sei como vocês vieram parar aqui".

Este é o mico de minha vida.

4 comentários:

  1. Paulete, tem coisas nessa vida que só acontecem com vc. q porra é essa?!?!/ hahahahahhaha

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  2. Hahahaha
    Concordo.
    Mas... Quem é você, Mr. R?

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  3. Ahahahahahahahahaha...
    Eu já sabia dessa história que deveriamos mandar para Denise Fraga, mas lendo aqui ficou bem mais interessante. Sua penetra!
    Te amo.

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  4. Amei, amiga!!! O meu mico do dia foi ser pega no primeiro de abril de Dany.. :( HUMPF!
    rs
    Beijo

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