25 de fevereiro de 2007

Tempo, tempo, mano velho

Ontem, Angelo inventou de dar uma renovada no álbum dele do Orkut. Estávamos olhando e reolhando fotos, até que ele encasquetou de pegar umas do fundo do baú, para escanear e incluir momentos em que a câmera digital não existia.

Neste vai-e-vem, fiquei surpresa muitas vezes ao rever imagens de nós dois, do início do namoro até hoje. É impressionante como a gente já mudou. Senti uma ponta de indignação por ver que já fomos mais bonitos, esbeltos e ensolarados. Como pode? Como pode? Vamos voltar à dieta já! Como assim tantas mudanças do dia para a noite?? E foi num estalo que então me caiu a ficha: cinco anos não são cinco dias, claro que estamos mais velhos e bochechudos. Na hora, me veio a imagem do meu pai e da esposa dele: o que eles devem pensar ao se ver em fotos de mais de vinte anos? E aí, o que será que pensarei? Quando conheci Angelo, ele tinha vinte e seis anos, agora eu, que na época tinha acabado de fazer vinte e um, é que estou prestes a ter esta idade. O tempo voa. O tempo me assusta profundamente.

Hoje, por exemplo, meu irmãozinho lindo está fazendo onze anos. O-n-z-e anos. No dia dos meus quinze anos, em um almoço em família, carreguei ele no colo, neném babão, para dançarmos a valsa juntos. Um bonequinho lindo, que agora me ensina a dançar. Parece que foi ontem.

Tento não ficar pensando nisso, mas eu morro de medo do tempo. É a minha maior agonia. Sempre tenho crises em fim de ano e nos meus aniversários porque é quando o tempo se mostra mais nitidamente. Lá vem ele, poderoso e invencível, incontrolável.

Fico tentando enumerar as tantas coisas que fiz na vida para não enlouquecer com a passagem do tempo. É sério. Porque eu vejo o dia acabar e sempre pergunto o que mais eu poderia ter feito para aproveitá-lo. Doideira compulsiva total. Como pode? Passou mais um dia? Como pode? Os supermercados já estão vendendo ovos de Páscoa?? Fui fazer compras hoje e lá estavam eles pendurados sobre minha cabeça, tenho vontade de quebrar tudo e protestar: peraí, meu povo, eu ainda estou em clima de carnaval, não acelerem as coisas não!

E no meu exercício de reconhecer que meu tempo tem valido a pena, me lembro das delícias da minha infância, dos tempos de colégio, destes já tantos anos de faculdade, e de tanta gente que conheci, paixonites e amores, viagens e festas, amigos, aprendizados e blá blá blá. Por outro lado, penso em quanta coisa ainda quero fazer, e tanta coisa para as quais o tempo mostra longas estradas, como quando se trata de querer comprar uma casinha minha. Nossa. Minha e de Angelo. Ao mesmo tempo em que o tempo me atropela, ele me impõe grandes distâncias de muitas coisas. Isso é de enlouquecer mesmo. Mesmo e mesmo.

A gente consegue se esquivar de qualquer coisa nesta vida, menos dele. Não podemos pedir trégua, fechar os olhos ou sair um pouco da cidade para nos livrarmos dele. E isto tudo nada tem a ver com ansiedade. Não me considero ansiosa, nem um pouco. Talvez seja mais uma coisa que atrapalhe minha relação com ele, porque sou relax, desleixada, solta e preguiçosa, aí dá para ver muito mais claramente que estou sendo levada nesta maré incessante.

Não queria recomeçar o blog reclamando, nem estou. Nem posso brigar por isso. Só posso fazer da minha vida o melhor que eu conseguir. No tempo que me houver. Juro que tento, juro que tentarei mais ainda.

P.S. 1: Eu e Angelo carregamos as marcas de quase cinco anos passados, mas não sou boba de só ver o lado ruim disso. Temos uma história linda que me orgulha muito e me faz feliz demais.

P.S. 2: Falando em tempo, havia nove meses que matei meu último blog. Retomar a prática é uma decisão que diz respeito a um hábito que preciso incluir mais no meu tempo: escrever.

2 comentários:

  1. Esses dias estava vendo uma reprise de uma entrevista com o Camelo, em que ele discutia esta idéia de tempo, e articulava sobre o quão pessoal é essa percepção dos dias que passam.
    Uma hora de boa leitura é contrária a uma hora de cooper intenso num sol tremendo, um dia inteiro num shopping é contrário a um dia inteiro de trabalho - mas peraí os segundos são os mesmos não são? - , e por aí vamos, nestas horas e dias e meses e anos que nos tomam, e que são tão relativos e misteriosos como a vida, que é o tempo que passa, e o que fazemos dentro deste mesmo tempo vivo.

    O bacana desta história é sacar que o tempo é aquele que vivemos - "vou tirar um tempo pra mim..." - e não o que vemos passar no relógio, o bom disso tudo é saber aproveitar cada segundo, e fazer de instantes mágicos, horas e horas de boas lembranças e ótimos presságios.


    êta, confundi?



    Beijo.
    Que bom que voltou, minha linda!

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  2. unf! :)

    sugestão: leia... OUÇA este CD:

    http://paullophirmo.blogspot.com/2006/12/o-tempo-de-z-guilherme.html

    beijos Paulinha!!!! inté!

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