31 de maio de 2007

Alguma coisa acontece no meu coração

Aos vinte anos, eu ainda não conhecia o Rio de Janeiro. Uma grande amiga minha estava morando lá e, em uma conversa por telefone, ela disse: venha me ver, venha para meu aniversário. Eu, de supetão, confirmei: eu vou. Entrei no site, comprei passagem e gritei durante meia hora de tanta felicidade. Não planejei nada, não reservei dinheiro, não sabia onde ficaria hospedada, apenas estava ali, com passagem em mãos. E fui.

Eu tinha loucura de conhecer a cidade maravilhosa. E, lá, eu passei todos os segundos hipnotizada por tamanha beleza, vibrando com cada vista, babando cada lugar, curtindo cada detalhe. Foi uma viagem indescritível. Fiz todas as farras, todos os programas de turista e ainda assisti ao show de Eric Clapton. Surreal. Poucas vezes na vida tive dias tão felizes, livres e legais. Ainda carregava a satisfação única de estar fazendo tudo aquilo com meu próprio dinheiro. Minha primeira viagem bancada pelo suor do meu trabalho. Foi lindo.

[Feliz da vida, como vocês podem ver.]

Aos vinte e quatro anos, eu ainda não conhecia São Paulo. Meu pai decidiu que queria fazer uma viagem legal com a mulher e os quatro filhos, pela primeira vez. A gente já tinha ido para coisas ali na esquina, mas todos juntos, gato, cachorro, periquito e papagaio, pegar mala, avião e ir para outra cidade, nunca tinha rolado. Então ele decidiu: vamos todos pra Sumpaulo.

Eca. Eu não tinha interesse algum de conhecer São Paulo. Achei uma escolha ruim, mas, enfim, vamos nessa, viajar é sempre bom, lá vou eu aguentar tijolo, cimento, trânsito e poluição. Ao contrário do que aconteceu quando fui ao Rio, saí de Salvador meio de nariz virado, não era a coisa mais animadora do mundo.

Me fudi. Eu amei cada segundo de São Paulo muito mais do que amei o Rio de Janeiro. Me senti completamente à vontade, em casa, fiquei encantada. Voltei fã, voltei querendo ficar.

[A família reunida na Paulista.]

Alguns disseram que tanta satisfação era fruto de eu ter ficado pouco tempo, cinco dias, em época de feriadão, cidade vazia, como turista, só vendo o lado bom. Pois bem: sete meses depois, fui para "morar". Foi por pouco mais de um mês, mas não como turista. Fiquei na casa de meu primo, trabalhei na Avenida Paulista, aprendi horários dos ônibus, fazia mercado, tinha uma rotina de moradora. Voltei mais fã ainda, voltei mais querendo ficar ainda.

[Almoço com o querido povo do trabalho no dia da minha despedida! Snif, snif...]

São Paulo me fascina. Tanto que me sinto em abstinência permanente, desde que cheguei eu quero voltar lá, nem que seja para dar uma volta nas ruas e sentir o cheirinho da poluição, nem que seja para só uma vez saltar em uma estação qualquer de metrô e sair andando sem rumo, descobrindo pequenos tesouros pelas ruas.

Faltando dois dias para completar meus vinte e seis anos, Arturo me chamou de novo: vamos, peste, vê se dá para você ir. E eu, que já havia algumas vezes negado participar desta viagem dele, programada há tempos, decidi: eu vou. Entrei no site, comprei passagem e gritei durante meia hora de tanta felicidade. Não planejei nada, não reservei dinheiro, não sabia onde ficaria hospedada, apenas estava ali, com passagem em mãos. E vou.

São Paulo, semana que vem, depois de quase um ano, a gente se encontra e mata as saudades. Me aguarde.

2 comentários:

  1. linda historia! menina, adorei isso aqui. um beeeeeijo!

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  2. Com esse jeitão bão de escrever tu me mata de inveja. Vou-me embora pra tua Pasárgada. Putz!

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